EUA processam Idaho por lei contra aborto invocando emergências médicas

3 de Agosto 2022

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou esta terça-feira uma ação judicial contra o Idaho por considerar que a lei daquele Estado federado impede os abortos que é necessário realizar quando a saúde das grávidas está em risco.

Esta é a primeira ação do Departamento de Justiça norte-americano contra um Estado federado desde que, em junho último, o Supremo Tribunal anulou a lei Roe v. Wade, assim eliminando a proteção federal do direito ao aborto nos Estados Unidos.

Segundo o procurador-geral federal norte-americano, Merrick Garland, a severa lei do Idaho viola a Lei Federal de Trabalho e Tratamento Médico de Emergência, que exige que os médicos forneçam às mulheres grávidas todo o tratamento clinicamente necessário, o que pode incluir o aborto.

Para proteger as mulheres que recorrem à interrupção voluntária da gravidez naquele Estado, a ação judicial do Governo federal norte-americano visa invalidar “a proibição criminosa de realização de abortos a mulheres em situação de emergência médica”, declarou Garland.

A decisão do Supremo em junho levou alguns Estados a promulgar leis restritivas do aborto, e é provável que desencadeie a proibição da interrupção voluntária da gravidez em cerca de metade dos 50 Estados norte-americanos.

“A lei do Idaho transformaria em crime qualquer ato dos médicos para fornecer o tratamento médico de emergência que a lei federal exige”, explicou o procurador-geral.

O Idaho, como muitos Estados governados pelo Partido Republicano, tem várias leis antiaborto na sua legislação, o que cria uma difícil situação legal agora que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos reverteu a histórica lei de direito ao aborto consagrada no caso Roe v. Wade, em 1973.

Outro Estado norte-americano, o Kansas, realiza o primeiro referendo do país para auscultar a opinião dos cidadãos sobre se a decisão do Supremo de revogar a lei Roe v. Wade deve levar a que a legislação estadual restrinja mais ou proíba mesmo o aborto.

A consulta popular sobre a proposta de alteração antiaborto à Constituição do Kansas está a ser atentamente observada como um barómetro da revolta dos eleitores liberais e moderados em relação à decisão tomada em junho pelo Supremo Tribunal que pôs fim ao direito nacional ao aborto.

Mas o resultado pode não refletir o que pensa o país no seu todo, pelo facto de o Kansas ser um Estado muito conservador e de, na última década, nele terem votado nas primárias de agosto duas vezes mais republicanos que democratas.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Faltam cabras e pastores nas terras da chanfana

 A chanfana começa a ser, por estas alturas, alvo de festivais gastronómicos em diversos concelhos do interior do distrito de Coimbra, mas no território faltam cabras e pastores.

Tiago superou uma depressão e quer combater preconceitos

Tiago Valente enfrentou uma depressão, reencontrou-se com a ajuda do triatlo e hoje assume a missão de combater os estigmas e preconceitos associados à saúde mental masculina porque “um homem também chora” e “pedir ajuda é um ato de coragem”.

Demissão do CEO : Sem Liderança, o SNS Não Avança

Sérgio Bruno dos Santos Sousa
Mestre em Saúde Pública
Enfermeiro Especialista de Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública na ULSM
Gestor Local do Programa de Saúde Escolar na ULSM

Egito com hospitais em alerta para receber feridos de Gaza

O Egito colocou em alerta os seus hospitais e equipas médicas, principalmente nas cidades do norte do Sinai, para receber feridos e doentes da Faixa de Gaza após a entrada em vigor do cessar-fogo no enclave, prevista para domingo.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights