Líder da extrema-direita italiana garante não querer abolir direito ao aborto

15 de Setembro 2022

A líder da extrema-direita italiana ,Giorgia Meloni, favorita para se tornar a primeira chefe de governo de Itália, garantiu que não quer abolir o direito ao aborto, “mas alargá-lo”, dando alternativas à interrupção da gravidez.

“Queremos dar às mulheres que pensam que o aborto é a única opção que o direito de tomar uma decisão diferente. Não estamos a retirar um direito, mas sim a expandi-lo”, disse, num comício realizado na quarta-feira à noite.

Meloni, a quem os seus adversários políticos acusam de querer limitar direitos, em particular à comunidade LGTBI (lésbicas, gays, transexuais, bissexuais e intersexuais) sublinhou não pretender abolir ou mudar a chamada ‘Lei 194’, que regula o direito ao aborto em Itália.

“Quero aplicá-la [a lei] na sua totalidade, incluindo a parte que se refere à prevenção. O que significa aumentar os direitos e não retirá-los”, defendeu.

A legislação em causa foi aprovada em Itália em 1978 e ratificada num referendo em 1981, tendo determinado que as mulheres podem abortar gratuitamente em todos os hospitais italianos.

“Gostaria, por exemplo, de dar uma alternativa às mulheres que abortam por razões económicas e isso não significa reduzir os direitos, mas sim aumentá-los”, acrescentou a líder do partido Irmãos da Itália (FdI), muito criticado pelas dificuldades que mulheres enfrentam para abortar em Las Marcas (centro), onde o partido governa.

“Li apelos para que as mulheres não votem em Meloni porque isso lhe retiraria direitos. Mas ninguém diz quais. O direito ao aborto? Não. Ao divórcio? Não. Ao trabalho? Muito menos”, alegou Georgia Meloni.

Entre os seus críticos conta-se a empresária e “influenciadora” Chiara Ferragni, que assegurou recentemente que o FdI “tornou praticamente impossível fazer um aborto em Las Marcas” e alertou para “o risco de a política se tornar nacional se a direita vencer as eleições”.

Ferragni, que soma quase 27 milhões de seguidores na rede social Instagram, e que, em conjunto com o marido, o músico ‘rapper’ Fedez, forma o casal mais popular de Itália, é uma grande defensora dos direitos civis e já denunciou, em diversas ocasiões, o partido de Meloni e os seus parceiros de coligação para as eleições, a Liga, de extrema-direita, liderada por Matteo Salvini, e a conservadora Forza Italia.

As sondagens atribuem a essa coligação de direita mais de 45% das intenções de voto, muito acima dos números referidos para a coligação de esquerda, liderada pelo progressista Partido Democrático (PD).

A ‘Lei 194’ estabelece dois pressupostos para o aborto: nos primeiros 90 dias de gestação deve ser voluntário e por razões de saúde, sociais, económicas ou familiares; além desse período, as causas devem ser ligadas à saúde, nomeadamente por patologias do feto ou perigo para a mãe.

No entanto, o artigo 9º da referida lei prevê que ginecologistas, anestesiologistas e enfermeiros possam recusar-se a realizar um aborto, embora o hospital deva garantir o atendimento, que só pode ser realizado em hospitais públicos.

Embora o número de abortos na Itália tenha caído drasticamente nos últimos anos, na maioria dos hospitais o número de funcionários que se opõe a realizar o procedimento é muito superior ao dos médicos dispostos a interromper a gravidez.

LUSA/HN

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