“O setor privado africano representa 80% da produção total, dois terços do investimento, e três quartos do crédito, e emprega 90% da população em idade ativa”, disse Stephen Karingi, durante a abertura de um Diálogo para a Prosperidade em África, em Acra, capital do Gana.
Até 2045, de acordo com os cálculos da UNECA, o comércio intra-africano nos setores agroalimentar, industrial e de serviços aumentará em quase 35%, quando comparado com a evolução prevista sem o acordo de livre comércio no continente (AfCFTA, na sigla em inglês).
O encontro no Gana foi aberto oficialmente pelo vice-presidente do país, Mahamudu Bawumia, que disse que África tinha as condições para se desenvolver e industrializar.
“Temos tudo o que precisamos para transformar África numa potência global do futuro, e o AfCFTA preparou o cenário para a industrialização do continente”, disse o governante, citado num comunicado enviado à Lusa.
Intervindo no encontro, a secretária-geral adjunta do diretor para África do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Ahunna Eziakonwa, afirmou que “é através do AfCTA que iremos industrializar o continente e criar, em vez de exportar empregos” no continente.
“Uma África que produz as necessidades do seu povo não é apenas a África que queremos, é a África que precisamos”, salientou.
Apesar da assunção da necessidade de sucesso do AfCFTA, Karingin reconheceu que o setor privado africano, do qual 90% são pequenas e médias empresas, enfrenta desafios na condução do comércio transfronteiriço devido a barreiras não pautais, como procedimentos aduaneiros complexos, falta de acesso ao financiamento, elevados custos de transporte e logística, e falta de acesso à informação, para além da excessiva dependência das importações de produtos essenciais, que expõem o continente a choques externos, como a pandemia de covid-19 e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
“Quando a covid atacou, os países africanos foram confrontados com a falta de acesso a produtos médicos básicos porque África importa mais de 90% dos seus produtos; quando a crise Rússia-Ucrânia surgiu, vários países africanos enfrentaram uma crise de segurança alimentar porque as exportações de trigo e milho da Rússia e da Ucrânia foram suspensas”, lamentou Karingi.
O acordo de livre comércio em África foi aprovado em 2019, entrou em vigor no princípio de 2021 e abrange um mercado de até 2,7 biliões de dólares, com mais de 1.300 milhões de consumidores que beneficiarão da forte redução das tarifas alfandegárias e da exportação mais livre na região, contando com 43 dos 54 países africanos.
LUSA/HN
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