Profissionais do SNS insatisfeitos com a gestão das unidades de saúde

25 de Março 2023

Os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde sentem-se apoiados pelas suas equipas e chefias diretas, mas estão insatisfeitos com a gestão das unidades de saúde e com os recursos para desempenhar bem as respetivas funções, revela um estudo

O 1º Barómetro da Cultura Organizacional associada à Prestação de Cuidados é apresentado hoje na 12ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), em Guimarães.

Segundo os resultados de um inquérito distribuído aos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “é notório que os trabalhadores se sentem integrados e apoiados, quer pelas suas chefias diretas, como pelas suas equipas de uma forma global”.

Foram 75% os trabalhadores que responderam que sabem o que é esperado que façam no seu trabalho e 70% sentem-se tratados com respeito pelos colegas, revelou a APAH, sublinhando que estes foram os temas com melhor desempenho do barómetro, “o que indica claramente uma identificação dos respondentes com as equipas em que se integram”.

No entanto, apenas 34% dos que responderam ao inquérito consideram que têm tempo e os recursos necessários para desempenhar bem a sua função, tendo sido a dimensão sobre os recursos a que, agregadamente, apresenta a avaliação mais negativa por parte dos trabalhadores.

Também baixos são os resultados sobre a gestão das respetivas unidades de saúde e a forma como as instituições valorizam o seu trabalho, com 56% dos inquiridos a fazer “uma avaliação negativa sobre a forma como os diferentes gestores das diversas instituições de saúde percecionam a atividade das organizações”.

Apenas 20% dos trabalhadores consideram que conseguem influenciar a forma como as coisas são feitas nas suas instituições e apenas 18% sentem que o seu ponto de vista é ouvido.

Quatro em cada cinco trabalhadores (80%) têm uma opinião desfavorável ou neutra sobre a forma como a sua instituição “celebra os sucessos dos trabalhadores”.

O barómetro recolheu ainda mais de cinco mil sugestões de melhoria, a maior parte a pedir mais formação, desenvolvimento profissional e de competências, mas também a realçar a necessidade de melhorias ao nível da gestão.

Segundo a APAH, os resultados deste barómetro “poderão servir de base à implementação de uma nova estratégia de gestão de recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde, no sentido de promover uma melhoria da cultura organizacional”, já que esta é importante para a qualidade e segurança dos cuidados prestados.

Além da associação, desenvolveram o método de avaliação deste barómetro a Direção executiva do SNS, a Ordem dos Psicólogos Portugueses e a consultora de serviços profissionais EY, com apoio técnico dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

Segundo a organização, o questionário de 30 perguntas, baseado num barómetro semelhante desenvolvido pelo Kings College – London para aplicação no SNS de Inglaterra, foi enviado por correio eletrónico a todos os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde, entre os dias 03 e 17 de março, tendo sido recolhidas 9.394 respostas, distribuídas pelos cuidados de saúde primários e hospitais portugueses, bem como por todos os grupos profissionais.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Recurso de Salgado por Alzheimer recusado no TC

O Tribunal Constitucional rejeitou apreciar o recurso de Ricardo Salgado, que alegava inconstitucionalidade na condenação a oito anos de prisão devido ao diagnóstico de Alzheimer, mantendo a decisão da Operação Marquês e agravando as custas.

Fecundidade em Angola caiu e mulheres têm em média 4,8 filhos

A taxa de fecundidade em Angola caiu de 6,2 para 4,8 filhos por mulher em oito anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano hoje divulgados. Entre 2015-2016 e 2023-2024, a fecundidade diminuiu em Angola de 6,2 para 4,8 filhos por mulher, segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2023-2024, tornado hoje público pelo INE.

Novo modelo agiliza controlo da dor severa no Alto Ave

A Unidade Local de Saúde do Alto Ave criou a Via Verde da Dor Aguda, um projeto inovador que integra resposta hospitalar e domiciliária para doentes com dor mal controlada, promovendo conforto, segurança e qualidade de vida.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights