Estudo revela que muitos farmacêuticos não notificam reações adversas a medicamentos

4 de Abril 2023

A identificação precoce de reações adversas a medicamentos pode evitar efeitos colaterais graves, mas muitos farmacêuticos não notificam, é a conclusão de um estudo esta terça-feira divulgado que foi levado a cabo por uma equipa de investigadores do Porto.

“Esta problemática da subnotificação de suspeitas de reações adversas a medicamentos não é um problema exclusivamente português, europeu ou da classe profissional dos farmacêuticos [mas é certo que] a identificação precoce de reações adversas pode ajudar a minimizar danos e evitar efeitos colaterais graves e até mesmo fatais”, esclarecem os investigadores.

A equipa junta investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

De acordo com informação enviada à agência Lusa, “mais de metade dos farmacêuticos comunitários não tem o hábito de notificar reações adversas a medicamentos (RAM) e cerca de metade nunca reportou uma suspeita”.

Esta conclusão parte de um estudo levado a cabo, através de inquérito, junto de cerca de 200 farmacêuticos comunitários do distrito do Porto.

O objetivo foi avaliar a motivação e o nível de conhecimento dos profissionais sobre a notificação espontânea de RAM.

Os dados revelaram que 53% dos inquiridos nunca reportou uma suspeita de RAM.

Só 42% tem o hábito de notificar estes casos com regularidade.

Os resultados indicaram também que mais de metade dos farmacêuticos que já notificaram (64%) revelaram não ter dificuldades no processo.

O estudo, publicado na revista Journal of Community Health, salienta que a notificação de suspeitas de RAM “é de extrema importância para a saúde pública e para a segurança dos pacientes”.

A partir do inquérito realizado, os autores do estudo apresentam um conjunto de propostas sugeridas pelos próprios farmacêuticos portuenses com o intuito de melhorar o Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF).

A simplificação e otimização do processo de notificação, bem como a integração dos formulários de notificação nos sistemas de informação da farmácia comunitária foram as principais medidas enumeradas pelos profissionais.

Entre outras sugestões, destacam-se também a implementação de programas de capacitação do farmacêutico na área da farmacovigilância, a necessidade de ‘feedback’ por parte do SNF para cada caso notificado e sobre o impacto da notificação do ponto de vista regulamentar.

“É desejável inverter esta tendência de subnotificação entre os profissionais de saúde, mesmo que os medicamentos colocados hoje no mercado tenham um perfil de segurança mais robusto do que no passado”, concluem os autores.

Intitulado “Motivação e Conhecimento dos Farmacêuticos Comunitários Portugueses para a Notificação de Suspeitas de Reações Adversas a Medicamentos”, o estudo é da autoria dos investigadores Renato Ferreira da Silva, João Miguel Alves, Carina Vieira, Ana Marta Silva, Joana Marques, Manuela Morato, Jorge Junqueira Polónia e Inês Ribeiro Vaz.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

LIVRE questiona Primeiro-Ministro sobre a privatização do Serviço Nacional de Saúde

Durante o debate quinzenal na Assembleia da República, a deputada do LIVRE, Isabel Mendes Lopes, dirigiu questões ao Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, relativamente a declarações proferidas pelo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), António Gandra d’Almeida, esta manhã, em Atenas, num evento da Organização Mundial de Saúde.

Ana Paula Gato defende fortalecimento dos centros de saúde no SNS

Ana Paula Gato, enfermeira e professora coordenadora na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, apresentou  uma análise detalhada do Relatório do Observatório da Fundação Nacional de Saúde, numa iniciativa realizada no Auditório João Lobo Antunes da Faculdade de Medicina de Lisboa. A sua intervenção focou-se na importância dos centros de saúde como pilar fundamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na necessidade de reforçar os cuidados de proximidade.

MAIS LIDAS

Share This