“Recebi um telefonema ontem [segunda-feira] do chefe do laboratório central de saúde pública. Está ocupado por uma das partes em conflito”, disse Nima Saeed Abid, representante da OMS no Sudão, numa conferência de imprensa em Genebra (Suíça).
Nima Saeed Abid destacou que a situação é “extremamente perigosa” porque o laboratório contém amostras dos agentes patogénicos do sarampo, cólera e poliomielite.
Segundo Nima Saeed Abid , os ocupantes “removeram todos os técnicos do laboratório”, que agora está cabalmente “sob o controle de uma das partes combatentes como uma base militar”.
A cólera é uma doença diarreica aguda que provoca a morte em poucas horas se não for tratada.
O sarampo, por seu turno, é uma doença viral muito contagiosa, como a poliomielite, que afeta principalmente crianças menores cinco anos.
Dados da OMS indicam que houve 14 ataques ao setor de saúde no Sudão desde o início da violência, que fez oito mortos e dois feridos.
“Os ataques à saúde são condenáveis e devem parar”, exigiu hoje a OMS.
Os confrontos começaram em meados de abril no Sudão e fizeram 459 mortos e 4.072 feridos, indicou hoje a organização, explicando, todavia, que esses números do Ministério da Saúde sudanês não foram verificados pela OMS.
Até 270 mil pessoas poderão fugir do Sudão para o Chade e o Sudão do Sul, referiu o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), após o cessar um cessar-fogo de 72 horas entre os beligerantes sob a proteção dos Estados Unidos da América (EUA).
Segundo Laura Lo Castro, representante do ACNUR no Chade, já chegaram àquele país 20 mil refugiados.
“Esperamos até 100 mil refugiados no pior dos casos”, disse, durante a conferência de imprensa, em que participou por videochamada.
No Sudão do Sul o cenário mais provável é o regresso de 125 mil refugiados sul-sudaneses e 45 mil refugiados”, disse, por seu lado, a representante do ACNUR no Sudão do Sul, Marie-Hélène Verney, também por videochamada.
Dados da ACNUR registados até hoje chegaram cerca de 4 mil sul-sudaneses do Sudão, principalmente através do ponto de passagem da fronteira de Renk, no estado do Alto Nilo.
Há mais de 800 mil refugiados sul-sudaneses no Sudão, um quarto dos quais está em Cartum, a capital do Sudão, e, portanto, são diretamente afetados pelos combates, indicou a ACNUR.
NR/HN/Lusa
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