Engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, publicam na Nature Biotechnology um estudo sobre esta nova técnica, para controlar os circuitos neurológicos que influenciam a fome, o humor e várias doenças, noticiou esta quinta-feira a agência Efe.
Utilizando fibras equipadas com sensores, bem como fontes de luz para estimulação optogenética, os investigadores mostraram que podem controlar circuitos neurológicos que ligam o intestino e o cérebro, induzindo assim sentimentos de saciedade ou comportamentos de procura de recompensa, manipulando células intestinais de roedores.
Em trabalhos futuros, os cientistas esperam explorar algumas das correlações observadas entre a saúde digestiva e condições neurológicas, como autismo e a doença de Parkinson.
Embora durante muito tempo se acreditasse que o cérebro era “um ditador que enviava informações aos órgãos e controlava tudo, agora sabemos que há muito ‘feedback’ para o cérebro, potencialmente controlando algumas das funções que antes atribuíamos exclusivamente ao sistema nervoso central”, referiu a coordenadora do estudo, Polina Anikeeva, do MIT.
A equipa criou uma interface com a qual realizaram uma série de experiências para mostrar que podiam influenciar o comportamento, manipulando quer o intestino quer o cérebro.
Primeiro, utilizaram as fibras para fornecer estimulação optogenética (baseada em métodos genéticos e óticos) a uma parte do cérebro que liberta dopamina.
Os roedores foram colocados numa gaiola com três compartimentos e, ao entrar num deles, os investigadores ativaram neurónios que transmitem dopamina, tornando-os mais propensos a regressar à procura da recompensa.
Os investigadores descobriram também poderiam induzir esse comportamento de procura de recompensa influenciando o intestino.
Para isso, utilizaram fibras no intestino para liberar a sacarose, que também desencadeou a libertação de dopamina no cérebro e levou os animais a procurar a sala em que estavam quando receberam a sacarose.
O próximo passo foi provar que era possível induzir o mesmo comportamento de procura de recompensa, omitindo a sacarose e estimulando optogeneticamente as terminações nervosas no intestino que dão entrada ao nervo vago, que controla a digestão e outras funções corporais.
Os cientistas obtiveram o mesmo comportamento de quando o estímulo foi utilizado no cérebro, mas agora não estavam a tocar esse órgão.
“Apenas estimulamos o intestino e observamos o controlo da função central desde essa periferia”, explicou Anikeeva.
Os investigadores pretendem agora utilizar este interface para estudar condições neurológicas que se acredita terem uma ligação intestino-cérebro.
LUSA/HN
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