De acordo com Jorge Roque da Cunha, o impacto da greve, a primeira realizada por médicos internos e que decorre hoje e na quinta-feira, sente-se tanto na parte hospitalar, como nos cuidados de saúde primários.
“É importante que esta mensagem seja entendida por parte do Governo”, afirmou o dirigente sindical, vaticinando que se não houver acordo com os trabalhadores a situação do Serviço Nacional de Saúde vai “piorar”.
A greve foi convocada pelo SIM para exigir melhores salários e a valorização profissional para efeitos de progressão na carreira.
Em declarações à Lusa ao final da manhã, Roque da Cunha assegurou que os serviços mínimos estão a ser cumpridos.
Com o protesto, o sindicato pretende também chamar a atenção para o “grande trabalho” que fazem os cerca de 6.500 médicos internos, “muitas vezes” substituindo especialistas e cumprindo centenas de horas extraordinárias, dada a “escassez de recursos”.
A paralisação, que abrange pela primeira vez médicos em pós-formação para obtenção da especialidade, insere-se num quadro mais vasto de greves, em várias modalidades e regiões, promovidas pelo SIM, até setembro, para reclamar uma grelha salarial condigna para todos os médicos.
O SIM reivindica a integração do internato médico no “primeiro patamar da carreira médica”.
A paralisação coincide com a greve às horas extraordinárias dos médicos de família, que deveria ter terminado na terça-feira, mas que continua até 22 de setembro.
Os médicos já tinham cumprido três dias de greve nacional, entre 25 e 27 de julho, e dois dias de greve na região Centro, a 09 e 10 de agosto.
O SIM emitiu um novo pré-aviso de greve para 30 e 31 de agosto nas regiões do Alentejo, Algarve e Açores.
Em 10 de agosto, os sindicatos dos médicos e o Governo concluíram uma quinta reunião negocial extraordinária sem chegar a acordo sobre a revisão da grelha salarial, principal item do caderno reivindicativo apresentado à mesa das negociações, iniciadas em 2022.
À saída da reunião Roque da Cunha, disse à Lusa que não havia razões para recuar nas greves previstas até setembro, alegando que a tutela mantém uma proposta de aumento salarial de 1,6% para a generalidade das carreiras.
De acordo com o Ministério da Saúde, a proposta do Governo significa, globalmente, um aumento de 24% da massa salarial dos médicos do SNS.
Segundo a tutela, os médicos hospitalares que integrarem a dedicação plena terão um horário de 35 horas semanais, a que acrescem mais cinco horas de trabalho por semana, e um aumento salarial que corresponde a dois níveis remuneratórios, mais um suplemento previsto nesse novo regime de 20%.
O SIM entende que o novo regime de dedicação plena ao SNS proposto “é pouco atraente” para os médicos, devido à carga horária prevista (300 horas extraordinárias anuais).
Uma nova reunião negocial entre sindicatos e Governo está agendada para 11 de setembro.
LUSA/HN
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