‘Invisível até ser demasiado visível’: Campanha apela ao diagnóstico precoce dos cancros do sangue

31 de Agosto 2023

A campanha ‘Invisível até ser demasiado visível’, que é lançada sexta-feira, pretende alertar para a importância do diagnóstico precoce dos cancros do sangue, cuja incidência está a aumentar, descreveu hoje o presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL). “As doenças de sangue verdadeiramente graves, como uma leucemia, um mieloma ou linfoma, ou outras, são, […]

A campanha ‘Invisível até ser demasiado visível’, que é lançada sexta-feira, pretende alertar para a importância do diagnóstico precoce dos cancros do sangue, cuja incidência está a aumentar, descreveu hoje o presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL).

“As doenças de sangue verdadeiramente graves, como uma leucemia, um mieloma ou linfoma, ou outras, são, apesar de tudo, pouco frequentes, mas não as podemos ignorar. Um diagnóstico precoce pode fazer a diferença entre ter uma doença controlada com relativa facilidade ou ter uma doença já muito dificultada e com risco de vida”, disse Manuel Abecasis.

Em entrevista à agência Lusa, o presidente de uma das associações que pelo terceiro ano consecutivo lançam uma campanha para alertar para os sintomas dos cancros de sangue previne: “Alguns sintomas são pouco específicos. Mas não se podem ignorar. Consultar o médico assistente é crucial”.

Das queixas mais frequentes, como emagrecimento, suores noturnos, cansaço fácil, falta de concentração ou falta de apetite, às mais específicas, como nódoas negras, gânglios aumentados de volume no pescoço ou na axila e febre, “todos os sinais devem ser alvo de análises e exames”.

Segundo o hematologista, em algumas destas doenças do sangue tem-se observado um aumento do número anual de casos, enquanto noutras a incidência tem-se mantido relativamente estável. “Estamos em linha com o que está a acontecer em outros países desenvolvidos”, descreveu.

Nas vésperas do Mês de Sensibilização para os Cancros do Sangue, que se assinala em setembro, e focando-se nas doenças hematológicas malignas, aquelas que comummente assustam mais as pessoas, como as leucemias, os linfomas ou os mielomas, o médico destacou que se têm verificado progressos muito importantes nos últimos anos.

“Em todas as áreas há avanços – numas mais do que noutras –, mas estamos a assistir a uma verdadeira revolução no tratamento das doenças, com benefícios claros para os doentes. Há tratamentos mais eficazes que têm menos toxicidades do que a quimioterapia convencional. Felizmente, a perspetiva destas doenças, em esperança de vida para os doentes, tem-se vindo a modificar bastante”, disse.

Os progressos, acrescentou Manuel Abecasis, vão da compreensão das causas aos medicamentos e tratamentos.

“Há 15 anos, um doente com mieloma tinha uma esperança de vida que andava pelos quatro/cinco anos e hoje isso já está ultrapassado. A doença não é curável em si, mas é possível prolongar bastante a vida média dos doentes, conservando a qualidade de vida”, descreveu.

E, se para os linfomas têm surgido novos medicamentos que têm contribuído para a melhoria dos panoramas, já a área da imunoterapia ativa tem progredido muito com as chamadas células Car-T que são células geneticamente modificadas (células do próprio doente que são reeducadas e vão reconhecer, atacar e eliminar a doença).

“São avanços notáveis que permitiram que, quando os tratamentos de primeira e segunda linha falham e as doenças resistem, exista uma nova opção. Esses doentes eram orientados para cuidados paliativos e hoje em dia uma percentagem muito substancial, 40%, são curáveis com introdução da terapêutica baseada nas Car-T”, acrescentou.

A campanha ‘Invisível até ser demasiado visível’ é lançada sexta-feira pela farmacêutica Takeda, com o apoio da Associação Portuguesa Contra a Leucemia, da Associação Portuguesa de Leucemia e Linfomas e da Associação de Apoio aos Doentes com Leucemia e Linfomas.

Além da presença nas redes sociais, a campanha contará com testemunhos reais de doentes, divulgação em mais de 400 autocarros da STCP e distribuição de folhetos informativos, em parceria com o Continente, entre outras ações que estão a ser planeadas.

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Rafaela Rosário: “A literacia em saúde organizacional pode ser muito relevante para promover a saúde em crianças”

No II Encontro de Literacia em Saúde em Viana do Castelo, a investigadora Rafaela Rosário apresentou os resultados de um estudo pioneiro desenvolvido em escolas TEIP – Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, instituições localizadas em contextos socioeconomicamente vulneráveis que recebem apoio específico do governo para combater o insucesso escolar e a exclusão social. A investigação demonstrou como uma abordagem organizacional, envolvendo professores, famílias e a própria comunidade escolar, conseguiu reverter indicadores de obesidade infantil e melhorar hábitos de saúde através de intervenções estruturadas nestes contextos desfavorecidos

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana

Coimbra intensifica campanha de vacinação com mais de 115 mil doses administradas

A Unidade Local de Saúde de Coimbra registou já 71.201 vacinas contra a gripe e 43.840 contra a COVID-19, num apelo renovado à população elegível. A diretora clínica hospitalar, Cláudia Nazareth, reforça a importância da imunização para prevenir casos graves e reduzir hospitalizações, com mais de 17 mil doses administradas apenas na última semana.

Vírus respiratórios antecipam época de maior risco para grupos vulneráveis

Especialistas alertam para o aumento precoce de casos de rinovírus, adenovírus e VSR, que afetam sobretudo idosos e doentes crónicos. A antecipação da vacinação contra a gripe e a adoção de medidas preventivas simples surgem como estratégias determinantes para reduzir complicações e evitar a sobrecarga dos serviços de urgência durante o pico epidémico.

Sword Health assume liderança do consórcio de inteligência artificial do PRR

A Sword Health é a nova entidade coordenadora do Center for Responsible AI, um consórcio financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, substituindo a Unbabel. A startup afirma ser atualmente a que mais investe no projeto, com uma taxa de execução de 76% a oito meses do prazo final. O cofundador, André Eiras, adianta que a transição, já aprovada pelo IAPMEI, confere à tecnológica portuguesa maior responsabilidade na liderança de projetos das Agendas Mobilizadoras

Consórcio de IA atinge 80% de execução com 19 produtos em desenvolvimento

O consórcio Center for Responsible AI, liderado pela Sword Health, revela que 80% do projeto financiado pelo PRR está executado, restando oito meses para concluir os 19 produtos em saúde, turismo e retalho. Investimento realizado supera os 60 milhões de euros, com expectativa de gerar mais de 50 milhões em receitas até 2027.

Montenegro confiante na ministra da Saúde apesar de partos em ambulâncias

O primeiro-ministro manifestou-se incomodado com a ocorrência de partos em ambulâncias, um problema que exige uma análise sistematizada. Luís Montenegro garantiu, no entanto, confiança total na ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e afastou qualquer ligação destes casos a ineficiências do SNS. O executivo promete empenho no reforço dos serviços de urgência e da acompanhamento obstétrico

INSA reclama atualização de estatutos para travar “disfuncionalidade organizacional”

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, Fernando de Almeida, apelou hoje, na presença da ministra da Saúde, para uma revisão urgente dos estatutos e do modelo de financiamento da instituição. Considera que o quadro legal, inalterado desde 2012, está desatualizado e compromete a capacidade de resposta em saúde pública, uma situação apenas colmatada pelo “esforço coletivo” dos profissionais, como demonstrado durante a pandemia

Médicos do Amadora-Sintra descrevem colapso nas urgências

Trinta médicos do serviço de urgência geral do Hospital Amadora-Sintra enviaram uma carta ao bastonário da Ordem a relatar uma situação que classificam de insustentável. Denunciam o incumprimento crónico dos rácios de segurança nas escalas, com equipas reduzidas e pouco diferenciadas, um cenário que resulta em tempos de espera superiores a 24 horas e que compromete a dignidade da prática clínica e a segurança dos utentes

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights