Profissionais de saúde moçambicanos advertem que podem voltar à greve

6 de Setembro 2023

A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) alertou hoje que pode voltar à greve caso não sejam observados os acordos das negociações que decorrem com o Governo.

“Nós estamos cientes de que o Governo tem de fazer qualquer coisa e é por isso que avisamos que podemos quebrar os acordos a qualquer momento se o Governo não cumprir [a sua parte]”, declarou o presidente da APSUSM, o enfermeiro Anselmo Muchave, citado hoje pelo canal privado STV.

Em causa está a interrupção, até 05 de novembro, da greve convocada pela APSUSM, que abrange cerca de 65.000 técnicos, serventes e enfermeiros do sistema de saúde moçambicano, funcionários que exigem melhores condições de trabalho.

Segundo Anselmo Muchave, as negociações com a comissão governamental continuam e atualmente o debate circula em torno das revindicações salariais, embora não haja nada definitivamente acordado sobre a matéria.

“Ainda não temos nada fechado, mas estamos neste compasso de espera para que tudo seja concretizado”, declarou o enfermeiro, acusando o Ministério da Saúde de ter escondido as revindicações dos profissionais no anterior modelo negocial.

“Nós negociávamos com o Ministério da Saúde e o Ministério não levava as nossas revindicações para quem é de direito”, afirmou Anselmo Muchave, acrescentando que a negociação direta com o Governo facilita o processo.

Entre outros aspetos, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser comprados pelos pacientes, adquira camas hospitalares e resolva o problema da “falta de alimentação” nas unidades de saúde.

Os profissionais de saúde também pedem para que o executivo moçambicano equipe ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou de equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta de fornecimento vai “obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.

A Associação Médica de Moçambique (AMM) é outra entidade que anunciou a interrupção, até 02 de outubro, da greve que estava em curso há mais de um mês, para dar espaço às conversações com o novo grupo negocial liderado pelo Primeiro-Ministro moçambicano, Adriano Maleiane.

As greves destes grupos de profissionais provocaram uma crise no sistema de saúde, que aumentou o tempo de espera nas já limitadas unidades de saúde em todo país.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights