“Estamos muito desiludidos [com a nova lei das USF]. Tanta aposta nos cuidados de saúde primários e depois, da montanha não sai nada, sai uma coisa ainda mais pequenina que um rato, uma formiga”, destacou o vice-presidente do Sindepor, Fernando Fernandes.
O sindicalista falava à agência Lusa no final da reunião com o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, que decorreu hoje no âmbito das negociações sobre o novo regime jurídico de organização e funcionamento das USF.
Para Fernando Fernandes, continua “a existir uma discrepância gritante de valores, nomeadamente entre as classes profissionais”.
O vice-presidente do Sindepor salientou também que o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, e o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmam “que os cuidados de saúde primários são a base do sistema mas, na prática, praticamente 70% do orçamento vai para os hospitais”.
“Portanto temos uma base muito débil que depois não aguenta a pirâmide, porque ela está invertida”, alertou, destacando que desta forma “os problemas das urgências continuarem sobrelotadas a dos serviços hospitalares estarem sobrecarregados vão continuar a existir”.
Fernando Fernandes explicou que da proposta entregue pela tutela há uns dias, o sindicato enviou “alterações e sugestões para melhoria do diploma”, mas apontou que “pouco ou nada adiantou”.
“Entregaram-nos hoje no início da reunião, em mão, uma proposta de alteração que em pouco difere daquilo que está escrito na proposta inicial”, frisou, acrescentando que esta mesma ainda está em análise.
Entre as propostas, o sindicalista apontou que é necessário um maior financiamento para os cuidados de saúde primário profissionais, bem como incentivos para atrair profissionais para aquela área, nomeadamente para regiões do interior.
“E que sejam incentivos justos e equitativos para cada uma das classes, não é uns ficarem com sete partes da pizza e os restantes ficarem com 1/8”, continuou o sindicalista.
Fernando Fernandes destacou ainda que o projeto das USF já foi implementado em vários países europeus, como Inglaterra e norte de Espanha, vincando que estes países “acabaram por o colocar de parte, porque não resultou”.
“Nós continuamos a insistir naquilo que outros países já detetaram como tendo sido errado e não funcionou. É não aprender com os erros dos outros”, sublinhou.
O Sindepor tem nova reunião marcada com o secretário de Estado da Saúde para a próxima quarta-feira, mas Fernando Fernandes frisou que “o Governo já decidiu” sobre a lei das USF, estimando que o encontro seja “meramente para cumprir calendário”.
A direção do sindicato irá reunir este sábado e não descarta qualquer forma de luta: “Perante uma legislação dessas, teremos que encetar formas de luta, logo se verá como”.
LUSA/HN
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