Em declarações à Lusa, em frente ao hospital de Abrantes (Santarém), Helena Jorge, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), disse hoje que a greve assenta em “três grandes temas”, nomeadamente “a não renovação dos contratos dos enfermeiros que já estão integrados” no CHMT.
Além disso, acrescentou, existe também a questão da regularização dos profissionais “que não tiveram avaliação entre 2004 e 2014, o que penalizou 123 enfermeiros e inverteu as posições com os mais novos em termos remuneratórios”, e a “dos enfermeiros especialistas, que tiraram uma especialidade, foram a concurso público e mudaram de categoria, sem ganhar nada”.
“A afluência de doentes aumenta por dificuldades de funcionamento de outros serviços de urgência e, ainda assim, a administração do Centro Hospitalar decidiu não renovar os contratos aos enfermeiros com vínculo precário”, criticou Helena Jorge.
Por outro lado, os enfermeiros estão sujeitos a um “elevado volume de horas extraordinárias”, o que se reflete nas “condições de segurança na prestação de cuidados de enfermagem”.
Pedro Caldeira, também do SEP, enfermeiro há 10 anos no serviço de urgências de Abrantes, disse ainda à Lusa que a não renovação dos contratos dos enfermeiros com vínculo precário, que deverão ser “cerca de seis”, está também a causar “revolta e tristeza”.
Os profissionais “já estão integrados na equipa, desempenham funções na urgência e fazem falta aos serviços”, salientou, considerando que o CHMT que tem registado um “acréscimo de trabalho que não se reflete no reforço de meios” humanos.
“Toda a equipa está triste e revoltada com a não renovação dos contratos porque, por um lado, são pessoas com família e precisam de trabalho e, por outro lado, esse trabalho que era realizado por eles vai ter de continuar a ser feito e terá de ser dividido pela restante equipa e à custa de mais turnos e mais horas extraordinárias, gerando mais sobrecarga”, notou.
Ainda segundo Helena Jorge, com esta situação, “estão criadas as condições para um desgaste rápido da equipa da Urgência Geral de Abrantes” e de outras equipas onde os enfermeiros estão a ver “os seus contratos não serem renovados pelo CHMT”, instituição que abrange os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, todos no distrito de Santarém.
“A deterioração das condições de trabalho é uma das principais razões que têm levado os enfermeiros a sair do Serviço Nacional de Saúde e, ainda assim, a administração nada faz para reter estes colegas, atirando os enfermeiros que permanecem para uma ainda maior desregulação dos horários de trabalho e mais trabalho extraordinário”, insistiu.
Helena Jorge disse ainda ter solicitado uma reunião ao Conselho de Administração do CHMT para discutir todas estas questões, salientando que o pré-aviso de greve “pode ser retirado a todo o instante”, desde que sejam asseguradas soluções para os problemas.
“Caso estes enfermeiros sejam contratados novamente e não se despeça mais nenhum enfermeiro nesta casa e se resolva o problema dos colegas mais velhos [no desbloqueamento da avaliação para progressão nas carreiras] nós ponderamos retirar o pré-aviso de greve”, afirmou.
A Lusa tentou obter uma reação da administração do CHMT, sem sucesso.
LUSA/HN
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