“Todos nós temos noção dos constrangimentos que isto traz para as famílias e para as pessoas, mas, humanamente, não temos outras condições”, disse à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração do CHMT, Casimiro Ramos.
Segundo o responsável, o motivo para o encerramento semanal daquela urgência pediátrica é o insuficiente número de pediatras para ter escalas completas.
No início de outubro, a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde tinha divulgado o mapa de urgências de pediatria para o inverno, com a de Torres Novas a funcionar com constrangimentos até janeiro de 2024, fechando quinzenalmente, entre sexta-feira e domingo.
Contudo, a medida foi agora revista e aquele serviço passa a encerrar todos os fins de semana, até final do ano, entre as 09:00 de sábado e as 09:00 de segunda-feira.
“Apesar dos esforços dos profissionais de saúde do Serviço de Pediatria do CHMT para garantir as escalas do serviço de urgência pediátrica, esta programação revela-se como absolutamente necessária”, indicou o CHMT, em comunicado, acrescentando que, “durante os períodos de fecho programado, os médicos pediatras que se encontram ao serviço do CHMT garantem apenas apoio à urgência interna e aos doentes já admitidos” na instituição.
A alternativa aos fins de semana para os utentes do CHMT passa a ser a urgência pediátrica do Hospital de Santarém.
Questionado se a recusa de médicos a horas extraordinárias pode afetar o funcionamento das demais urgências do CHMT, o gestor hospitalar disse não estarem previstos constrangimentos, tendo feito notar que, “do total de 178 médicos do quadro, só dois apresentaram recusa a horas extraordinárias” ao serviço.
“Caso não surjam situações imprevistas de doença ou falta de médico ao serviço, prevemos o funcionamento dentro da normalidade, 24 sobre 24 horas, das duas urgências básicas, em Tomar e Torres Novas, e da maternidade e da Unidade Médico Cirúrgica (UMC)”, ambas em Abrantes, “durante o mês de novembro”, afirmou, tendo enaltecido a “dedicação” e o “espírito de solidariedade dos profissionais” do CHMT na resposta às contingências sentidas no setor.
O CHMT agrega as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, no distrito de Santarém.
Mais de 30 hospitais de norte a sul do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos.
Em causa está a recusa de mais de 2.500 médicos em fazerem mais do que as 150 horas extraordinárias anuais a que estão obrigados.
Esta crise já levou o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Fernando Araújo, a admitir que novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
As negociações entre sindicatos e Governo já se prolongam há 18 meses e há nova reunião marcada para sábado.
LUSA/HN
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