“A ANADIAL, que representa 90% das clínicas privadas de diálise, manifesta a sua indignação com o contexto em que a doença renal crónica e a hemodiálise, tratamento sem o qual os doentes não podem sobreviver, são abordadas no relatório do Orçamento do Estado para 2024”, sublinha a associação num comunicado hoje enviado à agência Lusa.
Lembrando que as clínicas privadas asseguram o tratamento a 93% da totalidade dos doentes em hemodiálise em Portugal, o que na prática as coloca como o Sistema Público de Saúde, a associação lamenta que “nos últimos anos o setor da diálise se debata com a inexistência de diálogo por parte do Ministério da Saúde, desconhecendo-se totalmente qual seja a estratégia nesta área da saúde”.
“O serviço prestado por estas clínicas cumpre os objetivos de assegurar o acesso a todos os doentes que necessitam deste tratamento, a qualidade dos cuidados de diálise e o controlo e previsibilidade de custo, já que há um preço único para o tratamento, o preço compreensivo, que se mantém desde 2012”, explica, no comunicado, a presidente da ANADIAL, Sofia Correia de Barros.
“Pelo papel que desempenhamos no Sistema Público de Saúde, vemos com extrema preocupação que existe a vontade de redução da contratação privada, o que em si é totalmente legítimo, todavia, enquanto parceiros nos últimos 40 anos, consideramos que todas as partes podiam beneficiar em conhecer de modo completo e transparente a estratégia que o Ministério da Saúde pretende implementar na hemodiálise”, adianta.
Segundo Sofia Correia de Barros, um diálogo com a tutela sobre a estratégia para o futuro seria importante, para “garantir que os investimentos que têm sido realizados no âmbito do cumprimento da legislação e no desejo de modernizar as instalações ao serviço dos doentes, possam ser repensados à luz deste novo racional/paradigma económico”.
O relatório do Orçamento do Estado sugere também que a diálise peritoneal (tratamento complementar à hemodiálise) deve ser incentivada, observa a ANADIAL, deixando questões.
“Há mais de cinco anos que propomos o alargamento da diálise peritoneal às clínicas privadas. Contudo, como é que o Governo pretende implementar esta medida, quando não há um preço definido para este tratamento”, questiona Sofia Correia de Barros, admitindo que “a ANADIAL há muito que mostra disponibilidade e capacidade para alargar os serviços prestados ao doente renal crónico, sem nunca ter obtido resposta do ministro”.
Atualmente, o setor privado de diálise emprega cerca de 5.500 trabalhadores, em 101 unidades de diálise espalhadas pelo país.
LUSA/HN
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