Organizações apelam à rápida transposição da diretiva da UE sobre tabaco

28 de Novembro 2023

Várias organizações apelam aos órgãos de soberania que façam “todos os esforços” para transpor no “prazo mais curto possível” a diretiva europeia que equipara o tabaco aquecido ao convencional, regularizando a situação de Portugal perante a União Europeia.

O apelo é feito numa carta aberta, a que a agência Lusa teve hoje acesso, em que os signatários reafirmam “a urgência de uma ação que promova, efetivamente, a saúde da população portuguesa” no contexto da proposta de Lei 88/XV/1, de 26 de maio de 2023, que transpõe a Diretiva Delegada UE e reforça medidas de prevenção e controlo de tabagismo.

Advertem que a não transposição da diretiva, cujo limite legal era 23 de julho de 2023, “não só protela medidas de saúde pública eficazes e urgentes para travar o consumo dos produtos de tabaco aquecido em franca ascensão em Portugal, como sujeita o Estado português a uma coima a ser paga com dinheiros públicos”.

“Tudo isto seria evitável se o Governo, ainda em funções, tivesse optado por, atempadamente, proceder à transposição da diretiva para o quadro legislativo nacional, o que poderia ter sido feito através de decreto do Governo”, defendem.

Os autores da carta aberta denunciam “a irregularidade e transgressão deste processo e o claro incumprimento do direito da proteção da saúde da população portuguesa consagrado na Constituição”.

Lamentam que o Governo não tenha sabido defender “o robusto pacote legislativo inicial”, anunciado pela Secretária de Estado da Promoção da Saúde, considerando tratar-se de um “objetivo perdido” do atual executivo, “sem perspetivas de vir a ser recuperado pelo próximo”.

“Acresce que o debate político parlamentar deixou claro a oposição hostil dos grupos parlamentares, inclusive de deputados do partido do Governo, e a utilização de argumentos vazios de evidência de saúde pública identificados com o discurso recorrente da indústria”, adiantam.

As entidades lembram que, segundo a Convenção-Quadro de Controlo de Tabaco (CQCT) da OMS, ratificada por Portugal, “a indústria do tabaco deve ser excluída do processo de negociação e implementação das políticas de saúde pública, dado não ser um parceiro de saúde pública, mas sim a principal barreira à implementação efetiva da CQCT da OMS”.

Segundo os signatários, o grupo de trabalho da Comissão de Saúde fez apenas uma audiência de auscultação sobre a proposta de lei, “especificamente com a indústria do tabaco.

“Nenhum outro convite ou marcação de audiência de auscultação foi anunciado publicamente ou agendado”.

Há poucos dias, a OMS lançou a campanha “Stop the lies”, que defende ser uma “iniciativa vital para proteger os jovens da indústria do tabaco e dos seus produtos mortais, apelando ao fim da interferência da indústria tabaqueira nas políticas de saúde”.

“Deste modo é inaceitável e até aviltante que Portugal continue a ser um lamentável e sistemático estudo de caso da interferência da indústria tabaqueira nos governos e parlamentos, desvirtuando e impossibilitando os objetivos da proposta inicial da lei – alcançar uma geração sem tabaco em 2040 e promover a saúde da população portuguesa”, criticam.

O documento, assinado pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia, pelas associações de Médicos de Saúde Pública, de Medicina Geral e Familiar, Portugal AVC, Respira, pela Confederação das Organizações Portugueses de Prevenção do Tabagismo, pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e International Network of Women Against Tobacco,

NR/Lusa

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