A Ordem dos Médicos (OM) relatou “situações absolutamente dramáticas” de ausência de resposta em maternidades do país, mas o ministro da tutela afirmou não ter “nenhuma ideia de que o acompanhamento não esteja a ser o mais adequado”.
“Eu reconheço que o facto de não ser possível que todas as maternidades funcionem na sua plenitude cria naturalmente ansiedade e dificuldades. A verdade é que, tanto quanto a informação que temos, e temos sido muito rigorosos na investigação dessa informação, as pessoas continuam a ser atendidas com qualidade e com segurança”, disse hoje Manuel Pizarro, na Covilhã, à margem da cerimónia dos 25 anos da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior.
Segundo o ministro da Saúde, de acordo com os últimos dados disponíveis, de 2022, Portugal continua entre os melhores países do mundo nos indicadores de saúde maternoinfantil e em 2023 o SNS já fez mais partos do que no ano passado.
“Não vejo que, desse ponto de vista, não possamos ter uma mensagem que não seja uma mensagem de tranquilidade”, salientou o governante.
Apesar dos dados apontados, o ministro da Saúde manifestou preocupação por nem tudo estar a funcionar em pleno.
“Claro que não fico nem contente, nem deixo de me preocupar, pelo facto de nem todas as coisas estarem a funcionar na perfeição. Reconheço que isso cria pelo menos alguma ansiedade”, vincou Manuel Pizarro.
Questionado sobre o anúncio feito pela OM de criar uma comissão para fazer a avaliação de cerca de 50 maternidades públicas e privadas no país, perante o que considera ser um “cenário de fracasso absoluto” do programa do Governo, o ministro considerou tratar-se de “uma contribuição que é muito bem-vinda”.
“Nós precisamos muito que a OM também dê um contributo técnico, nomeadamente para se perceber se faz algum sentido nós termos no país maternidades privadas que não estão sujeitas às mesmas regras que as maternidades do setor público, onde existem, em alguns casos, 100% de partos com cesarianas”, respondeu Manuel Pizarro.
Segundo o bastonário da OM, Carlos Cortes, vão ser avaliadas as condições físicas, técnicas e de recursos humanos das maternidades, para verificar quais são os problemas e apontar soluções, nomeadamente em termos de profissionais, saber quantos são necessários para o país e em que locais, e os meios técnicos tecnológicos que são necessários para fazer o acompanhamento das grávidas.
Após a conclusão do trabalho, a OM enviará um documento com as suas recomendações ao Ministério da Saúde para as implementar “se assim o entender”.
Carlos Cortes espera poder entregar o documento em março ou abril, quando o Ministério da Saúde do novo Governo “estiver pronto para começar as suas funções”.
Manuel Pizarro aproveitou também a ocasião para defender a criação de cursos de Medicina no Alentejo e em Trás-os-Montes, numa localização que exige “uma reflexão mais aturada”.
Segundo o governante, “é muito importante que sejam criadas novas faculdades em zonas onde, manifestamente, há também muita dificuldade em atrair recursos humanos qualificados”.
LUSA/HN
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