“A ambulância estava pronta para sair, no interior estavam três mães. Repentinamente, a ambulância começou a pegar fogo, duas mães conseguiram sair, mas a outra não conseguia sair porque estava presa e tinha o seu bebé nas mãos. Eu puxei o bebé e entreguei ao meu colega. Voltei à ambulância para salvar a mãe, mas (…) não consegui”, conta à Lusa o jovem voluntário da Fundação de caridade Tzu Chi, sentado à sombra da casa da criança que salvou na noite de 06 de setembro, no Hospital Rural de Nhamatanda, na província de Sofala.
Por complicações no parto, a mãe da recém-nascida teve convulsões, tendo sido amarrada pelos médicos na ambulância que a devia transferir para uma outra unidade de saúde na cidade da Beira, o que tornou impossível o seu resgate durante o incêndio que destruiu completamente uma das viaturas do Hospital Rural de Nhamatanda.
A jovem mãe morreu carbonizada, no mesmo dia em que deu à luz a sua primeira filha, sob olhar impotente da sua irmã e do voluntário Soares Joaquim.
“A irmã dela estava chocada e quase se atirou à viatura em chamas […]”, lembra Soares Joaquim, 25 anos, referindo que o incêndio terá sido provocado por uma botija de oxigénio que estava na ambulância.
“Eu tentei tudo para tirá-la do carro, tentámos partir os vidros, mas havia fumo em todo lado”, acrescenta o jovem voluntário.
Soares Joaquim voltou à casa da recém-nascida, agora com três meses, para a visitar e, apesar do choque que ainda carrega, conforta-o a satisfação de ter salvado uma vida.
“A minha vontade era de viver com a criança, mas não tenho condições”, diz o jovem voluntário.
Como a maior parte das pessoas naquela região rural, a família da vítima vive no limiar da pobreza, mas desde o incidente a criança tem sido apoiada pela fundação de princípios budistas Tzu Chi, que também tem diversas iniciativas para combater casos de desnutrição naquele distrito.
“Temos estado a prestar assistência à criança e à família (…) A nossa intenção é ir longe neste apoio e olhar até para a educação quando ela crescer”, diz à Lusa Ana Maria, voluntária da Tzu Chi responsável por coordenar o apoio à família da bebé.
O jovem voluntário promete, enquanto for possível, acompanhar cada etapa do crescimento da criança.
LUSA/HN
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