GNR em greve de fome no Porto desistiu do protesto por razões de saúde

23 de Fevereiro 2024

sargento da GNR que a 06 de fevereiro iniciou uma greve de fome em frente à Câmara do Porto disse hoje à Lusa que foi obrigado a desistir do protesto devido ao seu estado de saúde.

Josias Alves contou que por “aconselhamento médico” cancelou a greve de fome e deixou de dormir ao relento, depois de 17 dias a pernoitar numa pequena tenda, na Praça Humberto Delgado.

“Portanto, está terminada esta minha luta, vou agora recuperar”, afirmou Josias Alves, referindo ainda não ter decidido se avançará com outras ações de protesto.

O sargento da GNR sentiu-se mal e foi transportado na quinta-feira à tarde para a Urgência do Hospital de Santo António, mas já teve alta.

Josias Alves acampou na Praça Humberto Delgado a 06 de fevereiro e iniciou uma greve de fome com o objetivo de “não só conseguir ordenados correspondentes à condição socioprofissional”, como também protestar contra “as pressões e perseguições” de que alegadamente tem sido vítima.

Desde então e até quinta-feira, o militar só ingeriu líquidos e, na terça-feira, confessou à Lusa que já tinha perdido 14 quilos desde o início do protesto.

Ao início da tarde de quinta-feira, o militar confessou a um polícia municipal, que lhe prestava solidariedade, que não se estava a sentir bem.

“Ele disse que se estava a sentir mal e a fraquejar. Queixou-se que não sentia as pernas, que estava fraco e eu apercebi-me que o discurso dele não estava a fazer sentido. Mesmo contra a vontade dele chamei o INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica]”, disse à Lusa o referido agente, que preferiu não ser identificado.

Enquanto o INEM não chegava, o militar recebeu ajuda de um médico que estava a passar e se apercebeu que algo estava a acontecer.

A ambulância do INEM acabou por atrair a atenção de alguns turistas que passavam no local e perguntavam o porquê de estar uma tenda coberta de plásticos pretos na praça: “Esteve ali um camarada militar a lutar por todos. Honra lhe seja feita”, respondeu um militar da GNR que, disse, ia todos os dias prestar “solidariedade e honra” ao “camarada em luta”.

Durante os mais de 15 dias de protesto, o militar consumiu “apenas sumos naturais, água das pedras, que tem forte concentração de cálcio e de sódio, para manter o cérebro a funcionar, e bebida de amêndoa, para a concentração de proteínas e de lípidos”.

O militar, pai de um adolescente de 14 anos, considerou estar a dar “um exemplo de que deve lutar por aquilo em que acredita”.

Questionado na terça-feira pela Lusa, Josias Alves considerou ser “possível obter as respostas desejadas, se houver vontade e determinação política”.

“Estão a esquecer-se que também somos votantes e que, se tivermos em conta não só aqueles que estão no efetivo, mas também os que estão na reserva, na reforma e na pré-reformas e se considerarmos as famílias, podemos ser 500 mil. Ora, isto faz pender a balança eleitoral. Se calhar, era boa ideia dizerem, claramente, quais são os planos para estes profissionais”, referiu.

Atualmente colocado no Pelotão de Apoio de Serviços, Josias Alves, 44 anos, do Marco de Canaveses, pretendia com a seu protesto “alertar” a sociedade civil para o “desespero” dos profissionais da GNR, da PSP e da Guarda Prisional.

O sargento chegou a comandar o Posto Territorial da GNR de Aveiro, Cacia, Vila Meã e de Alpendorada e a ser coordenador da Proteção Civil de Marco de Canaveses.

LUSA/HN

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