“Nenhum governante tem a coragem de dizer que quer acabar com o SNS. Mas é precisamente isso que o Governo está a fazer de forma cobarde. O que o Governo do PSD [e CDS-PP] está a fazer de forma cobarde é acabar com o SNS. Aproveitando um erro crasso da maioria absoluta do PS”, considerou Mariana Mortágua, que intervinha numa ação de campanha do BE para as eleições europeias, em Coimbra.
A coordenadora bloquista afirmou que o BE “não perdoa” ao PS e a Marta Temido – cabeça de lista do PS às eleições europeias do dia 09 de junho e ex-ministra da Saúde – ter “criado uma guerra contra os profissionais” deste setor.
Lembrando que os anteriores governos socialistas deixaram “1,7 milhões de utentes sem médico de família”, Mortágua recorreu às figuras do fundador do PS António Arnaut e o bloquista João Semedo para atacar os socialistas.
“Não abandonamos a generosidade da resposta e de Arnaut e Semedo ao contrário do que fez o PS. A verdade é que o PS recusou esse legado que Arnaut nos deixou, desprezou esse testamento. Esse erro é o que se torna a oportunidade da direita”, argumentou.
Um dia depois de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter apresentado o programa de emergência para a saúde, Mariana Mortágua fez vários ataques ao governo minoritário, considerando que viu “muito ‘powerpoint’, poucos compromissos e nenhuma conta”.
“Ao melhor estilo da consultoria privada, o ‘powerpoint’ é na verdade um plano de negócios para o setor da saúde privada em Portugal. Um roteiro de promessas e benesses clientelares, uma distribuição de verbas para empresas dos apoiantes da direita, uma promoção da cartilha liberal e mais uma demonstração do profundo desprezo que a direita tem por quem aguenta os hospitais, quem trabalha no SNS”, acusou.
Sobre o Orçamento do Estado para 2025, sobre o qual o Presidente da República já deixou vários alertas para a sua viabilização, Mariana Mortágua afirmou que “só há uma coisa que sabe” sobre o documento.
“Primeiro, vai entregar milhões de dinheiro dos contribuintes para os cofres dos grupos privados de saúde para logo a seguir cortar nos impostos sob os lucros esses grupos privados de saúde. A direita só sabe governar quando tira o que é de todos para dar a alguns”, defendeu.
Com duras críticas ao novo plano de emergência para a saúde do executivo liderado por Luís Montenegro, Mariana Mortágua apontou que estas propostas “empurram doentes para os hospitais privados, substituindo o cheque cirurgia que ninguém quer usar por ‘vouchers telefónicos’”, ideia que classificou como “um bocado bizarra”.
“Quem está em lista de espera vai receber um telefonema ou vários a insistir que vá ao hospital privado onde não quer ir. Não aprenderam nada com o falhanço dos cheques cirurgia. Até podem mandar pombos correio para a casa das pessoas, o que elas querem é o seu médico de família, no seu hospital público, ao pé da sua casa, em quem confiam”, defendeu.
Sobre as eleições europeias de 09 de junho, Mariana Mortágua considerou que a cabeça de lista do BE, Catarina Martins, é a candidata com melhor preparação e apelou à mobilização dos eleitores de esquerda.
“O que vai decidir estas eleições é se o povo de esquerda vai às urnas no dia 09 de junho para votar ou se a extrema-direita e a direita mobilizam o seu povo para ir votar em ideias de divisão, de violência, de racismo, que não são a Europa com que sonhamos e o projeto europeu do pós-guerra”, avisou.
LUSA/HN
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