“Até ao dia 23 de junho, esta linha fez a triagem a 6.542 grávidas, das quais 690 utentes foram encaminhadas para autocuidados”, disse a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, no Parlamento, onde está a decorrer uma interpelação ao Governo sobre “Um plano de emergência para o Plano de Emergência da Saúde apresentado pelo Governo”, a pedido do Bloco de Esquerda.
Segundo a governante, mais de 1.000 grávidas foram encaminhadas para centros de saúde e “as verdadeiras urgências – cerca de 4.700 chamadas – tiveram resposta imediata através da entrada nas maternidades, mesmo junto dos serviços que aparecem como fechados ao público, mas receberam muitos destes casos, via SNS 24 e INEM”.
Ana Paula Martins reconheceu que a área da ginecologia e obstetrícia é “particularmente preocupante” por causa da falta de profissionais especialistas, um problema que se agrava nesta época de verão, “quando as equipas fazem as suas merecidas férias”, e daí a inclusão no Plano de Emergência da Saúde da criação da Linha SNS Grávida.
“As grávidas não podem viver na ansiedade de lhes falhar o atendimento no momento em que mais precisam”, vincou.
Respondendo ao deputado do PSD Alberto Machado, que pediu um balanço sobre esta medida, a ministra afirmou que “é positivo”, mas reconheceu que preferia ter o problema das urgências de obstetrícia “completamente resolvido” em Lisboa e Vale do Tejo e todas as maternidades com a “porta aberta” ao público 24 horas por dia.
“É aquilo que gostaríamos de ter. Contudo, não é possível (…) apesar de todas elas estarem de facto a funcionar”, disse, exemplificando com a maternidade do Hospital Amadora Sintra que, mesmo quando está encerrada, está sempre com todas as áreas de partos cheias, chegando a ter 18 partos num dia, referenciados pela linha.
No debate, o deputado do Chega Pedro Pinto e Mariana Mortágua questionaram o facto de o hospital de Viseu estar sem urgência pediátrica à noite, uma situação que a ministra considerou ter de avaliar com “muito cuidado e sensibilidade”.
“Nós já tivemos no passado, e não foi há muito tempo, pediatras do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra que se disponibilizaram durante um período de tempo a poder apoiar a pediatria de Viseu. O que aconteceu na altura foi que esse protocolo, que é muito possível entre a rede de cuidados de saúde do SNS e que deve ser, na nossa opinião, incentivado, acabou por não correr da melhor maneira”, lamentou.
“Aliás, os próprios pediatras que lá estão a fazer o seu internato e aqueles que lá estão já com dedicação plena, apresentaram em janeiro os seus papéis para não fazerem mais horas extraordinárias, além das 150” obrigatórias por lei, sustentou.
O deputado do BE José Soeiro questionou a ministra sobre a situação do Instituto Nacional de Emergência Médica, interrogando como “é possível” que o plano de emergência “não diga uma palavra sobre a contratação, reforço ou investimento no INEM”, onde a falta de profissionais “é gritante”.
Em resposta, Ana Paula Martins disse estar “completamente de acordo” relativamente à questão do investimento do INEM.
“É preciso mais investimento, mas na verdade o INEM precisa de uma reorganização que não tivemos ainda tempo para concretizar”, salientou.
LUSA/HN
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