Profissionais dedicam-se a tratar adolescentes em unidade com 500 internamentos anuais

29 de Junho 2024

Profissionais de saúde do Hospital Dona Estefânia dedicam-se especificamente a tratar adolescentes entre os 10 e 17 anos, integrando uma unidade que regista uma média anual de 500 internamentos e 1.160 consultas.

A Unidade de Adolescentes da Unidade Local de Saúde São José – Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, a primeira com internamento exclusivo para esta faixa etária no país, assinala na segunda-feira 20 anos de atividade e já registou mais de 7.800 internamentos de jovens.

Segundo adiantou à agência Lusa a coordenadora da unidade, a grande maioria destes jovens necessita de ser internado por três motivos, doença aguda por causa médica ou cirúrgica, patologia crónica descompensada e perturbações do comportamento alimentar.

Nos casos das doenças do comportamento alimentar, como a anorexia nervosa, típica da adolescência intermédia, entre os 14 e os 16 anos, a unidade funciona em parceria com pedopsiquiatras e nutricionistas, salientou Margarida Alcafache.

Esta unidade funciona com base nas características definidas pela Organização Mundial de Saúde, que consistem em “ter uma equipa especializada e sensibilizada para as temáticas principais e mais frequentes do adolescente, que são diferentes do período neonatal e da primeira infância”, explicou a coordenadora.

A equipa residente desta unidade é constituída por sete pediatras, 21 enfermeiros, 11 assistentes operacionais, uma assistente técnica e uma educadora e funciona em colaboração diária com várias subespecialidades pediátricas (médicas e cirúrgicas), beneficiando também de apoio da psicologia, nutrição e fisioterapia.

Em 2023 a Unidade de Adolescentes, com uma capacidade de 12 camas, registou 670 internamentos, contra 594 em 2022.

Além disso, dispõe de cuidados em ambulatório, na consulta de Medicina do Adolescente, para jovens da Grande Lisboa e do sul do país, referenciados a partir dos centros de saúde, serviços de urgência ou outras consultas. No total, já realizou cerca de 18.000 consultas, o que corresponde a uma média de 1.160 por ano.

O trabalho da equipa não se limita ao tratamento do motivo pelo qual o jovem foi internado, estendendo-se também à avaliação da situação psicológica e social desses doentes.

“Esta equipa especializada foca-se muito numa avaliação que não é só física do doente e que tem sempre em conta uma avaliação psicológica e social, porque só dessa forma é que podemos avaliar, muitas vezes, comportamentos de risco e praticar uma medicina preventiva”, realçou Margarida Alcafache.

Como espaço específico para adolescentes, a unidade respeita as necessidades particulares desta faixa etária, sendo os cuidados de saúde prestados com o envolvimento do jovem, promovendo a sua autonomia e responsabilidade.

“Tratamos o motivo do internamento, mas acabamos por orientar todas as outras pontas que estão soltas e que necessitam da nossa ajuda”, salientou a pediatra, ao destacar a importância do trabalho de autonomia dos adolescentes realizado com a participação dos pais.

Fora do hospital, esta unidade promove ainda sessões de formação e sensibilização nas escolas sobre temas relacionados com a saúde dos adolescentes, em colaboração com a Saúde Escolar, mas é também um espaço de formação para internos de Pediatria em estágio específico em Medicina do Adolescente, bem como para alunos de Medicina.

No âmbito das celebrações do 20º aniversário desta unidade, será inaugurada na segunda-feira uma exposição com obras artísticas de alguns jovens que passaram pela unidade, que ficarão em exposição no átrio do Hospital Dona Estefânia até 5 de julho.

LUSA/HN

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