Num esclarecimento enviado à Lusa no dia em que termina a ajuste direto deste serviço feita pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o Ministério da Saúde diz não compreender porque é que o INEM deixou terminar este prazo sem ter lançado um concurso público internacional, um ato permitido pela resolução de Conselho de Ministros de outubro do ano passado.
“Desde o dia 02 de abril até à data de hoje, o INEM não lançou nenhum concurso público internacional para aquisição dos serviços em causa. Não compreendemos os motivos”, refere.
Diz ainda que o Governo questionou por várias vezes o Conselho Diretivo do INEM sobre o serviço de transporte de emergência em helicópteros, por saber que o ajuste direto em vigor terminava hoje, 30 de junho, mas o instituto “nunca apresentou uma solução” ao abrigo da Resolução do Conselho de Ministros de outubro de 2023, que autoriza a despesa relativa ao lançamento de um novo concurso público para o período 2024-2028.
Nesta resolução, o INEM fica autorizado a “realizar a despesa com a aquisição dos serviços de disponibilização, locação, manutenção, gestão da aeronavegabilidade e operação de meios aéreos” durante o período de 2024 a 2028, até ao montante global de 60 mil euros (acrescido de IVA à taxa em vigor), correspondendo a 12 mil euros/ano.
“Esta RCM [Resolução do Conselho de Ministros] permite lançar um novo concurso, por este motivo, o INEM não necessita de nenhuma autorização do governo para lançar um concurso”, insiste o Ministério da Saúde.
O Jornal de Notícias noticiou no sábado que o INEM ia prolongar o ajuste direto com a empresa Avincis, escrevendo que “o instituto quis lançar concurso em abril, mas a autorização do Governo não chegou”
No passado mês de abril, o INEM chegou a anunciar que ia lançar um novo concurso público para o serviço de helicópteros de emergência médica, depois de o concurso lançado em janeiro ter recebido duas propostas com valores superiores ao preço base.
No esclarecimento feito hoje, o Ministério da Saúde diz que desde que o Governo tomou posse teve várias reuniões com o INEM sobre as necessidades deste instituto, acrescentando que aprovou “o aumento de remuneração aos bombeiros ao serviço da Emergência Médica e a alteração orçamental necessária para fazer face a essa despesa, com um impacto orçamental de 6,6 milhões de euros por ano”.
Como exemplo de outras condições dadas ao INEM, esclarece que foi igualmente aprovada a contratação de 200 Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), sobre a qual o Ministério da Saúde diz não ter tido ainda nenhuma informação do instituto.
Esta medida – adianta – tem um impacto orçamental de 2,8 milhões de euros para o segundo semestre de 2024.
Acrescenta ainda que foi aprovado igualmente o pagamento excecional de remuneração suplementar a estes técnicos até 80% do valor da remuneração base, de 01 janeiro a 31 de agosto 2024, com um impacto mensal de 80 mil euros.
O Ministério da Saúde anunciou no início do mês a realização de uma auditoria administrativa e financeira ao INEM e, na última audição no parlamento, a ministra explicou que pretende “perceber exatamente” vários processos, nomeadamente a contratação de helicópteros e ambulâncias e ajustes diretos no instituto.
Também no início do mês, o presidente do INEM, Luís Meira, ouvido na comissão parlamentar de saúde, disse que não está “agarrado ao lugar” e que, se a ministra da Saúde entendesse demiti-lo, deixaria as funções “sem qualquer problema”.
Na audição na comissão de Saúde a 05 de junho, a ministra Ana Paula Martins anunciou que estava a estudar mudanças na liderança do INEM, considerando fundamental refundar este organismo.
LUSA/HN
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