“O ano da saúde mental [2024] foi declarado precisamente por causa dos dados que clamam, a todos, que devíamos parar e fazer a análise, um levantamento, trabalhar num plano estratégico para podermos ter dados consolidados nos próximos tempos”, justificou Filomena Gonçalves.
A ministra referiu que “um dos princípios basilares” do ano da saúde mental “é o comportamento individual dos cabo-verdianos”, incluindo “o tom, a forma como se tratam os assuntos, sobretudo assuntos de saúde” e “o papel pedagógico” de cada um perante a sociedade.
“É disso que estamos a precisar”, acrescentou, referindo que o Governo não vai “perder o foco”, prometendo “trabalhar” e fazer o balanço dos resultados no final dos cinco anos de mandato (2026).
Jacob Vicente, especialista que lidera o único Centro de Atendimento Psicológico no país, localizado na capital, Praia, disse em entrevista à Lusa, no final de junho, que é necessário melhorar o fornecimento de antidepressivos às farmácias.
Vicente elegeu ainda como prioritário permitir que as consultas de psicologia no setor privado sejam cobertas pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), face à falta de resposta pública.
O especialista disse, por outro lado, ser necessário melhorar a comunicação por parte do Ministério da Saúde.
Olhando para o panorama geral, nas ilhas, Jacob Vicente queixou-se de, só ocasionalmente, ter sido feita “alguma ginástica ou outra iniciativa” no âmbito do ano de Saúde Mental 2024, defendendo que seja dado “acesso a cuidados de saúde mental”.
Segundo referiu, o arquipélago conta com dois psiquiatras na ilha de Santiago, um outro em São Vicente, duas médicas em formação e alguns especialistas cubanos a prestar apoio na área.
No que respeita a psicólogos, há mais de 300, mas “grande parte está no desemprego”, referiu.
O serviço de psicologia é prestado no hospital central na capital e nalguns centros de saúde, com um rácio de um a dois psicólogos para atender 15 a 20 mil pessoas.
A especialidade está também em foco na nova estratégia de cooperação entre Cabo Verde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), assinada em junho.
“Mitigar os factores de risco e controlar as doenças não transmissíveis (DNT), incluindo a saúde mental”, é uma das prioridades, de acordo com o documento que abarca o período 2024-2028.
O suicídio é responsável por 41% das mortes por causas externas e, em resposta, Cabo Verde elaborou a sua primeira Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, com base nas orientações da OMS, recorda o documento base da nova estratégia conjunta.
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