“Estou muito preocupado. Estou extremamente preocupado e não é só a poliomielite. Pode haver outras epidemias de doenças transmissíveis”, disse Ayadil Saparbekov, chefe da equipa da OMS para as emergências de saúde nos territórios palestinianos.
“A hepatite A foi confirmada no ano passado e agora podemos ter poliomielite” sendo que “até 14 mil pessoas (de Gaza) podem” precisar de assistência médica, disse numa conferência de imprensa.
A poliomielite é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus (o poliovírus) que invade o sistema nervoso e pode levar à paralisia irreversível em poucas horas.
No dia 16 de julho, a Rede Mundial de Laboratórios da Poliomielite isolou o poliovírus de tipo 2 derivado de uma estirpe vacinal em seis amostras de vigilância ambiental.
A análise destes casos isolados – realizada pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) em Atlanta, Estados Unidos, – mostra que existem “ligações genéticas entre eles” e que estão também ligados ao poliovírus de tipo 2 derivado de uma estirpe vacinal que circulou no Egito em 2023, disse a OMS.
Assim, o organismo das Nações Unidas reitera que existe “risco elevado” de propagação do poliovírus na Faixa de Gaza e a nível internacional “se não for dada uma resposta rápida a esta epidemia”.
“Ainda não recolhemos amostras humanas, devido à falta de equipamento e de capacidade laboratorial para testar essas amostras”, frisou Saparbekov.
Uma equipa da OMS e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que se desloca a Gaza na próxima quinta-feira, deve levar material para recolher amostras humanas que vão ser depois enviadas para a Jordânia.
Ao mesmo tempo, a OMS e parceiros da organização estão a avaliar a extensão da propagação do poliovírus.
Saparbekov espera que as recomendações possam ser publicadas domingo, mas “dadas as atuais limitações em termos de higiene e saneamento da água em Gaza, vai ser muito difícil para a população seguir o conselho de lavar as mãos e beber água fervida”.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro do ano passado por um ataque sem precedentes, levado a cabo por comandos do Hamas infiltrados no sul de Israel, que causou a morte de 1.197 pessoas, na maioria civis, segundo uma contagem da France Presse baseada em dados oficiais israelitas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre de grande escala contra Gaza, que resultou em mais de 39 mil, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza, dirigido pelo Hamas.
LUSA/HN
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