“É com grande preocupação que a Câmara Municipal da Moita vê o encerramento das urgências de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro. É tanto mais preocupante o facto de todas as urgências dos hospitais da margem sul do Tejo estarem encerradas desde o dia de hoje, 09 de agosto, e até pelo menos à próxima quarta-feira, dia 14”, refere a autarquia em comunicado.
O encerramento destas valências no Barreiro, em Almada e em Setúbal, acrescenta, “é um potenciador de ansiedade e preocupação para estas mulheres que deveriam estar a desfrutar de um período de tranquilidade, amparo e confiança por parte dos serviços médicos”.
A população da Moita é servida pelo Hospital Nossa Senhora do Rosário. Para a autarquia, o esquema de rotatividade aplicado nos últimos meses, embora não sendo o ideal, permitia o atendimento de urgência das grávidas do concelho em hospitais de região.
O município considera também que esta situação “é tanto mais insustentável na medida em que o Ministério da Saúde não revelou a existência de um plano para o funcionamento em rede durante o mês de agosto, já que o esquema de rotatividade não está a ser cumprido, uma vez que caberia ao Hospital Garcia de Orta, em Almada, assegurar as urgências na semana de 09 a 16 de agosto”.
Estas preocupações foram já transmitidas pelo executivo liderado por Carlos Albino (PS) ao Conselho de Administração do Hospital Nossa Senhora do Rosário, tendo a unidade afirmado ter cumprido com as suas responsabilidades ao estar a funcionar na semana que lhe foi designada, de 02 a 09 de agosto.
Para o hospital do Barreiro está agora previsto o funcionamento da urgência de Obstetrícia e Ginecologia, novamente, na semana de 23 a 29 de agosto.
A Câmara Municipal da Moita adianta que já pediu uma reunião com caráter de urgência ao Governo para ver esclarecidas esta e outras situações que dizem respeito ao Serviço Nacional de Saúde.
Segundo as escalas de urgência publicadas no Portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), às 12:30 de hoje estava previsto o fecho, no sábado, de sete urgências de Ginecologia e Obstetrícia, e de oito no domingo, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo (em que se insere a Margem Sul), além de três de Pediatria.
A presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) exigiu hoje um ministro da Saúde “com competência para a função”, alertando para os riscos de a atual “política catastrófica” poder, em última análise, resultar em mortes de grávidas e bebés.
Joana Bordalo e Sá lembrou que a Fnam avisou e antecipou que “era inevitável o que está a acontecer agora”.
Questionada sobre se a falta de médicos para assegurar as escalas dos serviços de urgência se deve também ao facto de os profissionais estarem a apresentar minutas de escusa às horas extra além das obrigatórias, a representante disse que tem “algumas entregues, mas nem é necessária a sua entrega para as urgências não funcionarem”.
“Esta ministra da Saúde [Ana Paula Martins] o que está a fazer, no fundo, é encerrar as urgências de Obstetrícia. Não é só na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas também em Leiria e nas Caldas da Rainha, onde ocorreu uma situação dramática que a Fnam lamenta”, disse, numa referência ao caso de uma mulher que após sofrer um aborto espontâneo viu alegadamente negada a assistência no hospital, cuja urgência obstétrica estava encerrada.
LUSA/HN
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