Em declarações, por telefone, à agência Lusa, a coordenadora da direção geral do Porto do SEP, Fátima Monteiro, disse, sem especificar números, que “algumas dezenas de enfermeiros do IPO do Porto já apresentaram a sua indisponibilidade para trabalho extraordinário, por escrito”.
“E muitos [enfermeiros] ameaçam abandonar a instituição”, referiu, criticando a administração por esta “nada fazer para dar melhores condições de trabalho para os enfermeiros”.
A agência Lusa pediu um esclarecimento à administração do IPO do Porto que garantiu que têm sido implementadas medidas de reorganização do trabalho para procurar reduzir a dependência do recurso a horas extra.
Sublinhando que “reconhece o esforço efetuado pelos enfermeiros, com necessidade de recorrer a trabalho extraordinário”, a administração refere que “só com contratação de mais profissionais será possível resolver esta necessidade”.
“A contratação de mais profissionais (que implique aumento de número de postos de trabalho) só é possível com autorização da tutela, tendo essa sido possível pela última vez, em 2022 (…). Em face de recentes diligências e autorização acordadas com a tutela, há a possibilidade do IPO do Porto proceder a algumas contratações de novos profissionais muito brevemente”, respondeu, por escrito, o IPO do Porto.
Para esta manhã estava marcada uma concentração de enfermeiros à porta do IPO do Porto, ação que acontece menos de três meses após o SEP ter, em iniciativa idêntica, denunciado a situação neste hospital oncológico.
“A situação mantém-se. Os problemas estão iguais. Os colegas estão cansados das condições de trabalho e da ausência de resposta. A administração do IPO desvaloriza os profissionais e os seus problemas. Isto está a gerar um clima organizacional muito mau, cada vez com mais sobrecarga e não parece haver vontade de resolver esta questão. O ‘burnout’ é muito e é consequência da sobrecarga e o absentismo sobe”, disse Fátima Monteiro.
A sindicalista adiantou que o Ministério da Saúde “já foi alertado para esta situação” até porque “o problema principal é responsabilidade do Governo”.
À Lusa, o IPO disse que a greve de hoje não teve impacto na capacidade de resposta assistencial da instituição.
“Informamos ainda que o SEP, sindicato que convocou a presente greve, solicitou uma reunião ao conselho de administração, só ontem [terça-feira] às 15:36 via ‘email’. É vontade do IPO Porto esclarecer qualquer dúvida colocada pelo movimento sindical e pelos trabalhadores. O IPO do Porto reconhece o trabalho desempenhado pelos profissionais de enfermagem desta instituição, garante a continuidade de excelência na prestação de cuidados aos utentes do IPO do Porto”, concluiu.
A 31 de julho de 2024, o IPO do Porto tinha 801 enfermeiros, sendo que 69 com contratos a termo.
LUSA/HN
0 Comments