Colapso do sistema do INEM está a pressionar bombeiros

5 de Novembro 2024

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) alertou hoje que “o colapso” do sistema de triagem de doentes gerido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) está a criar uma “pressão extraordinária” nas corporações de bombeiros.

Desde quarta-feira, que os funcionários do INEM – uma estrutura que tem menos de metade de elementos do que o previsto no quadro – estão a fazer greve às horas extraordinárias para pedir a revisão da carreira e melhores condições salariais, uma situação que está a criar vários problemas no sistema pré-hospitalar e na linha 112.

“Não sei se o impacto da falta de resposta do INEM resulta da greve. Durante anos, andámos a dizer aos cidadãos que cada vez que precisassem de uma ajuda da área médica, deviam ligar 112 que seriam atendidos por uma central de orientação de doentes urgentes”, mas “ocorre que, de repente, esta situação foi colapsada desde há cerca de quatro ou cinco dias”, afirmou à Lusa o presidente da LBP, António Nunes.

Perante a falta de resposta, adiantou António Nunes, “muitos dos cidadãos que precisavam de ajuda, na impossibilidade de serem atendidos por um centro de atendimento, ligaram diretamente para os corpos de bombeiros ou até alguns deles dirigiram-se mesmo aos quartéis”.

Em resposta, os bombeiros, “dentro do seu princípio que são a primeira e a última linha de todo o sistema, serviram as suas populações e as suas comunidades como fazem sempre e transportaram as pessoas ao hospital, sem que elas estivessem inseridas no sistema”, precisou.

A “triagem entre doentes urgentes ou não urgentes ou doentes urgentes e emergentes deixou de ser feita porque nem sequer os bombeiros conseguiam contactar com o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para receberem orientação sobre qual o hospital a que se deveriam dirigir”, privilegiando assim as unidades das suas áreas, referiu o dirigente.

Para António Nunes, “é pouco aceitável que o INEM não tenha um plano B para uma situação como esta, seja ela de que índole for”, o que agrava os problemas existentes.

“Nós temos vindo já a queixar-nos, há muito tempo, de que quando temos os doentes nas ambulâncias, o CODU demora por vezes mais de meia hora a dizer para que hospital é que nós temos que nos dirigir”, recorda António Nunes, considerando que o sistema “não está adequado às expectativas que se colocam aos utentes”, principalmente numa “organização complexa” de resposta que tem “algumas especialidades de emergência fechadas” nos hospitais.

Na segunda-feira, a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar obrigaram à paragem de 44 meios de socorro no país durante o turno da tarde, agravando-se os atrasos no atendimento da linha 112.

O INEM já confirmou o impacto da greve e recomendou às pessoas que não desliguem as suas chamadas até serem atendidas.

Depois de recordar que se deve ligar para o número europeu de emergência 112 “apenas em situações graves ou de risco de vida”, o instituto salientou ser “importante que o contactante não desligue a chamada enquanto não for atendido por um profissional, pois estas são sempre atendidas por ordem de chegada”.

“No caso de a chamada ficar em espera, os utentes devem aguardar que seja atendida pelos profissionais do CODU, ao invés de desligar e tornar a ligar. Esta ação vai colocar a chamada no fim da fila de chamadas em espera, apenas servindo para atrasar o atendimento da mesma”, referiu o instituto em comunicado.

De acordo com o INEM, são atendidas, por hora, 28 chamadas que não são emergências médicas, 18% do total de chamadas recebidas na central.

LUSA/HN

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