O PCI para a Diabetes foi implementado em julho em quatro unidades de saúde familiar – três em Coimbra e outra em Oliveira do Hospital – abrangendo atualmente 560 dos cerca de 37 mil diabéticos que necessitam de acompanhamento.
“Ao longo do próximo ano, vamos progressivamente alargando o número de unidades de saúde primárias abrangidas pelo percurso, de forma a termos a totalidade dos diabéticos inseridos”, disse o coordenador funcional Miguel Melo.
Segundo o médico, o objetivo é implementar um acompanhamento próximo do doente, porque “a intervenção na diabetes tem de ser o mais precoce possível para prevenir as morbilidades, as complicações e melhorar os resultados em saúde”.
Através de tecnologia avançada, o PCI para a Diabetes da ULS de Coimbra permite teleseguir os doentes e dar um acompanhamento multidisciplinar contínuo por uma assistente virtual.
“Desde o diagnóstico e durante toda a sua jornada clínica, incluindo as complicações que surjam no decorrer da doença, a pessoa é acompanhada pelo médico de família, nos cuidados de saúde primários, mas com a integração também das outras especialidades hospitalares que estão envolvidas no cuidado ao diabético”, sintetizou a médica de saúde familiar Iva Pimentel, que liderou a equipa responsável pelo desenho do PCI para a Diabetes.
Na sequência de uma ida ao centro de saúde, um internamento hospitalar ou uma ida ao serviço de urgência, é ativada de forma automática uma assistente digital que contacta as pessoas através do telemóvel e pode gerar alertas, caso existam indicadores de que o doente precisa de intervenção médica.
“O doente é acompanhado numa primeira fase com um contacto telefónico e, subsequentemente, com uma consulta nos cuidados de saúde primários ou no hospital, ou mesmo com uma sessão em hospital dia da diabetes”, explicou o coordenador da PCI para a Diabetes.
Salientando que existe uma prevalência da diabetes tipo II já próxima dos 12% na população portuguesa, Miguel Melo apontou como grandes causas para o aumento da doença o envelhecimento da população e os hábitos de vida.
Para mitigar os problemas identificados na retinopatia diabética e área oftalmológica, vão ser criadas cinco unidades de proximidade, cuja localização ainda não está definida, embora uma seja em Coimbra e outra em Cantanhede, com o objetivo de rastrear todos os doentes e esbater o afastamento que existe nas áreas mais periféricas aos profissionais de saúde.
“Não será só um rasteiro convencional, mas um rastreio ao nível dos melhores padrões internacionais, com exames e tomografia específica, que vai permitir identificar os casos mais precocemente e fazer com que as pessoas cheguem mais depressa ao hospital para tratamento”, salientou o coordenador do PCI.
Por outro lado, frisou, vai permitir aos profissionais de saúde concentrar a atenção nos doentes que realmente precisam de intervenção, uma vez que no esquema de rastreio atual as pessoas são chamadas ao hospital mesmo quando não precisam de intervenção, o que “é um consumidor de recursos”.
As cinco unidades vão ficar distribuídas “numa forma mais ou menos equitativa” para abranger as mais de 37 mil pessoas com diabetes a precisar de acompanhamento na ULS de Coimbra, de maneira que tenham uma deslocação minimamente curta para a unidade de avaliação.
O PCI para a Diabetes conta com uma equipa de enfermagem da unidade de monitorização remota, sediada no Hospital Geral (Covões), em Coimbra, que recebe e encaminha os alertas que decorrem dos teleseguimentos e as respostas dos utentes às mensagens que lhes são enviadas.
“Dos 560 doentes em acompanhamento foram enviadas cerca de 1.600 comunicações, que resultaram em cerca de 100 alertas”, adiantou o enfermeiro coordenador João Filipe.
LUSA/HN
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