Luís Montenegro falava na sessão de abertura da conferência científica que encerra as comemorações do centenário do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, que decorreu no Museu do Oriente.
Do programa distribuído aos jornalistas, constava uma intervenção da ministra da Saúde, mas Ana Paula Martins apenas marcou presença e saiu ao mesmo tempo que o primeiro-ministro, ambos sem responder aos jornalistas.
“Este Governo elegeu a oncologia como um setor prioritário, desde logo tomando uma medida no âmbito do plano de emergência e transformação da saúde, que é a recuperação dos tempos de espera, quer para as consultas, mas em particular para as cirurgias”, afirmou o primeiro-ministro na sua intervenção, defendendo que, nesta área em concreto, o tempo de espera pode ser “a diferença entre a vida e a morte”.
Para Montenegro, “cabe ao Estado, cabo ao poder público, acautelar essa prioridade, dando-lhe a resposta que é necessária”.
“Eu tenho, aliás, um especial apego por este movimento de prioridade: nós conseguimos, efetivamente, deixar de ter doentes com o tempo máximo de resposta garantido ultrapassado e fizemo-lo dentro do SNS. Mais de 99% das cirurgias de recuperação deste tempo foram feitas dentro do SNS”, salientou.
“Nós não temos nenhum complexo em chamar, para a prestação de serviço público de saúde, as instituições sociais, as instituições privadas, quando é necessário, quando a sua capacidade instalada permite uma melhor resposta às necessidades dos cidadãos. Mas a base é o Serviço Nacional de Saúde, que ninguém tenha dúvidas disso”, acrescentou.
Neste caso, Montenegro defendeu que, ao ser possível concretizar uma prioridade do Governo dentro do SNS, também se demonstrou que “há capacidade por explorar” neste setor.
“Isso também depende de nós, depende da nossa capacidade de gestão, depende da nossa capacidade de decisão e de organização”, disse.
O primeiro-ministro enumerou outros compromissos do Governo na área da oncologia, como o alargamento do rastreio do cancro do colo do útero dos 60 para os 69 anos (e um alargamento do rastreio do cancro da mama a partir dos 45 anos e não apenas a partir dos 50.
“Continuaremos a tomar medidas com vista a valorizar os centros de referência e poderão contar com o Governo em todas as nossas ações para reforçar a capacidade de resposta e para acompanhar o esforço notável que fazem aqui no IPO”, disse.
Montenegro manifestou também disponibilidade do Governo para, “na medida do possível”, apoiar os objetivos do IPO-Lisboa ao nível da melhoria das instalações e equipamentos.
Numa mensagem escrita lida na conferência, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o “IPO é hoje, além de referência nacional na luta contra o cancro, um exemplo do que o Serviço Nacional de Saúde representa na vida de tantos portugueses e das suas famílias”.
“O tempo é precisamente de olhar em frente, com responsabilidade e consciência da importância do trabalho do IPO, que o mesmo é dizer dos seus profissionais, para a sociedade portuguesa”, sublinhou.
Antes, a presidente do Conselho de Administração do IPO Lisboa, Eva Facão, tinha anunciado que a instituição foi agraciada na quinta-feira como membro honorário da Ordem do Infante dom Henrique.
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