“Os relatos que a AOFA recebe abundantemente, a um ritmo diário, dão conta de tempos de espera cada vez mais demorados, dificuldades de resposta por falta de equipamentos ou obsolescência dos mesmos, exiguidade de meios humanos e financeiros, com consequente adiamento ou cancelamento de atos, encerramento de serviços e de camas hospitalares, constrangimentos no acesso a medicamentos e dispositivos médicos de uso comum, entre tantos outros obstáculos ao normal funcionamento de uma unidade militar e de saúde”, lê-se num comunicado, enviado hoje às redações.
No passado dia 24 de novembro, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) marcou reuniões nos hospitais das Forças Armadas e admitiu convocar uma greve para janeiro, exigindo a regularização das progressões na carreira dos médicos civis.
No comunicado, a AOFA escreve que estas notícias “são apenas mais uma pedra visível do desmoronamento, intencional ou negligente, mas irresponsável que se adivinha na saúde militar” e que “afeta todas as Forças Armadas”.
“Numa época em que já todos percebem que as ameaças bélicas na Europa fazem adivinhar tempos exigentes e difíceis, este tipo de tratamento aos poucos profissionais que, abnegada e estoicamente, ainda toleram trabalhar e dão respostas na saúde militar, em nada contribui para contrariar a desmotivação latente e o consequente abandono sistemático das fileiras, convertendo recrutamento e retenção em semântica próxima do milagre, que, por este andar, será a única consequência palpável da propalada “reestruturação da saúde militar””, avisa a associação.
A AOFA acrescenta ainda que “às vezes, cada vez mais amiúde, paira a sensação de que a privatização da saúde militar é também um desígnio não assumido pela governação, com as consequências desastrosas que qualquer cidadão médio pode adivinhar”.
Esta associação sublinha que “quem prometeu que a reestruturação da saúde militar traria um Sistema de Saúde Militar revigorado, mais forte, mais eficiente e mais preparado para os desafios vindouros, poderá tirar as suas ilações”, lamentando que, numa década, tenha sido registada “a redução dos hospitais militares para um terço das suas camas e dos seus profissionais”, uma saúde militar “dependente de pessoal civil para garantir uma resposta mínima” a juntar a um “subfinanciamento crónico”.
“De facto, a grande inovação conseguida para a saúde militar nesta última década foi a criação de carreiras militares que só podem ser abraçadas por super-heróis”, ironizam.
Considerando que os cuidados de saúde aos militares, veteranos e suas famílias “são fundamentais para um país forte”, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) adverte que os médicos civis do Hospital das Forças Armadas têm sido negligenciados, apesar do Acordo Coletivo de Empregador Público (ACEP) celebrado em 2019 com o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) e os Chefes de Estado-Maior dos três ramos.
Segundo o SIM, a carreira é pouco atrativa, a dedicação plena é ignorada, e há desigualdades salariais com outras áreas governativas.
NR/HN/Lusa
NR/HN/Lusa
0 Comments