Cientistas identificam 13 proteínas ligadas ao envelhecimento cerebral

10 de Dezembro 2024

Estudo chinês revela proteínas sanguíneas associadas ao envelhecimento do cérebro, com potencial para prevenir doenças neurodegenerativas e desenvolver terapias avançadas.

Uma equipa de investigadores chineses fez uma descoberta significativa no campo do envelhecimento cerebral, identificando treze proteínas sanguíneas intimamente relacionadas com este processo em humanos. O estudo, liderado por Yu-Ming Xu do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Zhengzhou, foi publicado na revista Nature Aging e promete abrir novos caminhos para a prevenção de doenças neurodegenerativas e o desenvolvimento de terapias mais avançadas.

A investigação revelou que as alterações nas concentrações destas proteínas atingem o seu pico aos 57, 70 e 78 anos, sugerindo que estas idades podem ser cruciais para possíveis intervenções no processo de envelhecimento cerebral. Este achado é particularmente relevante considerando as projeções que indicam que, até 2050, mais de 1,5 mil milhões de pessoas no mundo terão mais de 65 anos.

Os cientistas utilizaram dados de imagens cerebrais multimodais de 10.949 adultos saudáveis, com idades entre os 45 e os 82 anos, e analisaram a concentração de cerca de 3.000 proteínas no plasma sanguíneo de quase 5.000 indivíduos, recorrendo à base de dados UK Biobank. Entre as 13 proteínas identificadas, destaca-se o Brevican (BCAN), uma proteína do sistema nervoso central. Além disso, os níveis sanguíneos de BCAN e GDF15 foram associados a demência, acidente vascular cerebral e funções de movimento.

O estudo observou que as concentrações de muitas proteínas se alteram com a idade biológica do cérebro, seguindo trajetórias distintas que, em conjunto, formaram três picos relacionados com a idade do cérebro. Os autores sugerem que estas alterações não lineares nas concentrações de proteínas no sangue podem refletir transições na saúde do cérebro humano em idades específicas.

Esta descoberta representa um avanço significativo na compreensão do envelhecimento cerebral e poderá contribuir para o desenvolvimento de intervenções precoces e mais eficazes contra doenças neurodegenerativas. No entanto, os investigadores salientam que estudos futuros deverão explorar o papel destas proteínas em diferentes faixas etárias e etnias, uma vez que os dados atuais se concentraram principalmente em indivíduos mais velhos de ascendência europeia.

NR/HN/Lusa

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