Os enfermeiros avançaram para a paralisação, que abrange os períodos da manhã (das 08:00 às 16:00) e da tarde (das 16:00 às 24:00), para exigir valorização das carreiras e condições de trabalho.
“Está a afetar os serviços de internamento, urgência, bloco operatório, consultas, hospital de dia. Todos os serviços, pois esta greve está a ter uma grande adesão”, disse à Lusa a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) Isabel Barbosa, acrescentando que os serviços mínimos estão a ser assegurados.
A dirigente sindical explicou que foi decidido avançar para a greve devido à “falta de resposta” a problemas sentidos pelos enfermeiros do Hospital de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, principalmente a falta de contagem de todos os anos de serviço para a progressão na carreira.
“O principal motivo logo à cabeça é porque esta é a única instituição do país que não conta os anos de serviço dos enfermeiros para efeitos de progressão. Isto está a gerar grande insatisfação, até porque, aqui ao lado, a ex-PPP de Loures já contou. É incompreensível como é que esta é a única unidade do país do SNS [Serviço Nacional de Saúde] que não conta estes anos de serviço aos enfermeiros”, salientou.
Segundo Isabel Barbosa, os enfermeiros exigem a contabilização de todos os pontos/anos de serviço no Serviço Nacional de Saúde para efeitos de progressão, independentemente do mês de entrada, nomeadamente os anos com contrato com vínculo precário e tempo trabalhado noutras instituições.
Exigem, igualmente, a transição de todos os enfermeiros especialistas para a respetiva categoria.
“É urgente também a contratação de mais enfermeiros para dar resposta às necessidades e a regulação dos horários de trabalho, aplicando as 35 horas de trabalho por semana a todos, permitindo conciliar a vida profissional com a vida pessoal”, indicou.
De acordo com Isabel Barbosa, o Hospital de Vila Franca de Xira não está a conseguir captar nem manter os enfermeiros.
“Toda a situação tem originado horários selvagens nos serviços e, inclusivamente, o encerramento de camas hospitalares, como na unidade de intermédios. O ritmo de trabalho é muito elevado, as horas extraordinárias são excessivas. Para termos uma ideia, só no mês de agosto foram sete mil horas”, disse.
Isabel Barbosa acrescentou que o sindicato pediu uma reunião ao Conselho de Administração do hospital e ainda não obteve resposta.
Segundo o SEP, o Hospital de Vila Franca de Xira tem cerca de 500 enfermeiros.
A unidade foi inaugurada em março de 2013 para servir cerca de 250 mil habitantes dos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira.
O O Hospital de Vila Franca de Xira funcionou em regime de parceria público-privada, gerido pelo Grupo Mello Saúde, até 2021, altura em que transitou para o modelo de entidade pública empresarial.
LUSA/HN
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