Utentes de Almada dizem ser “incompreensível” a atribuição de apenas uma vaga para médico de família

4 de Janeiro 2025

A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Almada (CUSCA) considerou hoje ser “inexplicável e incompreensível” que o Governo tenha atribuído apenas uma vaga para médico de família à Unidade Local de Saúde Almada-Seixal.

“Numa região com dois concelhos com tantos utentes sem médico de família não percebemos esta decisão de haver só um médico para Almada -Seixal”, disse à agência Lusa a porta-voz da comissão de utentes de Almada, Luísa Ramos.

De acordo com um despacho da Administração Central do Sistema de Saúde, publicado em 27 de dezembro, foi aberto pelo prazo de cinco dias úteis o procedimento concursal para o recrutamento de 240 médicos das áreas de Medicina Geral e Familiar e de Saúde Pública para várias Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e Unidades de Saúde Familiar (USF) espalhadas pelo país.

Das 240 vagas abertas, 225 são para a especialidade de Medicina Geral e Familiar e 15 para a especialidade de Saúde Pública.

A Unidade Local de Saúde (ULS) Almada-Seixal tem cerca de 38 mil utentes sem médicos de família e necessitava de 30 médicos para fazer face às necessidades, mas a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) indicou que apenas podiam ser solicitadas 14.

Segundo a ULS, foram solicitadas as 14 vagas mas autorizada apenas uma, em Amora, no concelho do Seixal.

Para Luísa Ramos, esta decisão revela “uma prática que a comissão de utentes tem vindo a alertar de desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde com consequências desastrosas”.

“Isto é de facto um caminho que se vai fazendo há muitos anos. Não é de agora”, disse.

A ULS de Almada-Seixal integra o Hospital Garcia de Orta e o Agrupamento de Centros de Saúde de Almada-Seixal, no distrito de Setúbal, dando resposta a 350 mil habitantes.

Segundo a Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, existem nesta ULS três médicos recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar que manifestaram a sua pretensão de integrar os quadros, tendo a Unidade Local de Saúde solicitado à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) a revisão do número de vagas a serem atribuídas.

Um outro despacho publicado em Diário da República no dia 26 de dezembro, data anterior ao diploma que abriu o concurso, fixou o número máximo de postos de trabalho a preencher nos mapas de pessoal dos órgãos, estabelecimentos ou serviços sob tutela ou superintendência do Ministério da Saúde, para as áreas de Medicina Geral e Familiar, Saúde Pública e Hospitalar.

De acordo com o diploma, existem ao todo seis ULS com apenas uma vaga de Medicina Geral e Familiar atribuída de um total de 225 abertas: Barcelos/Esposende, Gaia e Espinho, Tâmega e Sousa, Gaia e Espinho, Almada-Seixal e Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro.

LUSA/HN

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