“Um mês após o desastre, as necessidades humanitárias da população afetada permanecem urgentes. Relatos apontam para a falta de alimentos, abrigos e água potável, entre outras necessidades básicas de sobrevivência”, lê-se no documento da organização consultado hoje pela Lusa.
Segundo o relatório daquela organização, 30 dias após a passagem do ciclone, do total das 845 pessoas assistidas em consultas ambulatórias só na província de Cabo Delgado, pelo menos 145 pacientes foram tratados para diarreia aquosa aguda e 68 para malária, entre 30 de dezembro de 2024 e 05 de janeiro, sendo que, refere o documento, as doenças são causadas pela proliferação de mosquitos em águas estagnadas e à falta de acesso a água potável.
Para estancar as doenças, além da assistência médica e medicamentosa, os MSF estão a realizar atividades de consciencialização das vítimas do ciclone Chido face à prevenção das doenças, em que já participaram 367 pessoas das capacitações.
Dados atualizados pelas autoridades moçambicanas adiantam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique.
O documento dos MSF indica igualmente que a organização está a apoiar as vítimas com aconselhamento e formação em primeiros socorros psicológicos em que já participaram pelo menos 32 funcionários do Ministério da Saúde e agentes de saúde comunitários, além da ajuda na reabilitação dos centros de saúde dos distritos de Mecufi e Metuge, na província de Cabo Delgado.
Os MSF estão também a doar ‘kits’ de emergência e a auxiliar na instalação de sistemas de água potável e na reparação e reposição da energia como caminho para restaurar serviços essenciais.
“A urgência de respostas integradas que abordem não apenas as necessidades físicas, mas também o bem-estar mental das comunidades afetadas, é crucial para garantir que as populações em situação de vulnerabilidade possam se recuperar e reconstruir suas vidas diante de desastres climáticos cada vez mais frequentes”, defende Luísa Suárez, coordenadora médica de MSF, no documento enviado à Lusa.
O ciclone tropical intenso Chido, de nível 3 (numa escala de 1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na madrugada de 14 de dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, continuando, nos dias seguintes, a fustigar as províncias no norte de Moçambique, incluindo Cabo Delgado, com “chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes”, segundo informação anterior do Centro Nacional Operativo de Emergência.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
lusa/HN
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