As declarações do ex-coordenador do Plano de Emergência e Transformação na Saúde do Governo, que falava na comissão parlamentar de Saúde, foram no seguimento de questões levantadas pela deputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias, que o acusou de funcionar como “ministro sombra”.
“Há vários peões em várias posições. O senhor doutor tem uma influência determinante da definição da política de saúde neste momento por este Governo, mas acaba por não receber nenhuma das críticas públicas, porque não dá a cara”, criticou Marisa Matias na audição do Grupo de Trabalho de Acompanhamento do Plano de Emergência e Transformação na Saúde, onde Castro Alves foi ouvido a pedido do BE.
Na resposta, o cirurgião, presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, refutou as críticas, afirmando que não considera adequado fazer afirmações que “afetam a dignidade das pessoas”.
“Sem querer ofender ninguém, mas considero extremamente injusto, e até perverso para o nosso sistema democrático e para o país poderem alegar coisas do género de um ministro de sombra, de que alguém está a mandar”, afirmou.
Recordou que a ministra Ana Paula Martins está no setor da Saúde desde sempre, tendo-se formado em farmácia e desempenhado diversos cargos de alto nível, notabilizando-se “por ser uma pessoa altamente capaz, honesta e decisora”.
“Claro que se pode discordar dela politicamente, e isso é legítimo e faz parte da democracia. Não me parece bem é que venham trazer coisas que afetam a dignidade das pessoas, que são injuriosas, e com isto estão a atrapalhar a sua capacidade de raciocínio”, declarou, ressalvando que diz isto da ministra e de todos os outros dirigentes.
Dirigindo-se aos deputados, afirmou: “Se os senhores amanhã estiverem no Governo, direi a mesma coisa quando vos atacarem desta forma. Porque acredito na democracia, acredito no meu país, eu não vou deixar de participar, sempre que me pedirem, seja que partido for”.
Marisa Matias também questionou Eurico Castro Alves sobre os 65 milhões de euros entregues à Santa Casa da Misericórdia do Porto, através do Hospital da Prelada.
“O doutor Eurico Castro Alves desempenhou funções como presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos, como coordenador do plano de emergência, integrando a comissão de acompanhamento, já para não falar outros cargos. Por exemplo, está nos órgãos sociais da Misericórdia do Porto, que explora o Hospital da Prelada, e por orientação desse plano de emergência, o Governo entregou 65 milhões de euros ao Hospital da Prelada”, afirmou a deputada.
Na resposta, o médico quis esclarecer as dúvidas e negou as acusações, considerando-as “autênticas teorias de conspiração, mitos urbanos”.
Relativamente à Santa Casa da Misericórdia de Porto, explicou que os 65 milhões resultam de um acordo entre o Estado e a Santa Casa da Misericórdia de 1988 relativo a cuidados de saúde, não tendo a ver com o Centro de Atendimento Clínico aberto no Hospital da Prelada.
“Estes 65 milhões são dívida ao abrigo deste acordo que estaria por pagar à Santa Casa da Misericórdia”, frisou, acrescentado que os documentos são públicos.
“Há uma resolução do Conselho de Ministros do Governo PS, que tenho aqui, a autorizar a despesa e há uma outra resolução do Conselho de Ministros, já deste Governo, também a autorizar esta despesa que tem a ver com um conjunto de cuidados de saúde que desde 1988 a Santa Casa da Misericórdia presta ao setor público. E o setor público paga-lhe”, sustentou.
Também esclareceu que não faz parte de nenhum órgão dirigente da Misericórdia do Porto.
LUSA/HN
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