Controlo intensivo da pressão arterial reduz risco de declínio cognitivo

8 de Fevereiro 2025

Apenas três anos e meio de controlo intensivo da pressão arterial permitem reduzir significativamente o risco de défice cognitivo ligeiro ou demência, muito depois de este tratamento ter sido interrompido em adultos, de acordo com um novo estudo.

As conclusões da investigação, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Wake Forest (EUA), foram publicadas na Neurology, uma revista médica da Academia Americana de Neurologia, e destacam os benefícios sustentados do controlo agressivo da pressão arterial na prevenção do declínio cognitivo.

O estudo SPRINT MIND incluiu 9.361 participantes com 50 anos ou mais anos em mais de 100 centros clínicos nos Estados Unidos e em Porto Rico.

Os participantes foram aleatoriamente designados para um objetivo de pressão arterial sistólica inferior a 120 mm Hg (tratamento intensivo) ou inferior a 140 mm Hg (tratamento padrão).

Os participantes foram seguidos durante uma média de sete anos, com avaliações cognitivas realizadas presencialmente e por telefone. Depois, foram classificados como sem comprometimento cognitivo, comprometimento cognitivo ligeiro ou provável demência.

“Verificámos que o grupo de tratamento intensivo teve uma incidência consistentemente menor de desenvolvimento de declínio cognitivo em comparação com os do grupo de tratamento padrão”, apontou David M. Reboussin, professor de bioestatística e ciência de dados na Faculdade de Medicina da Universidade de Wake Forest e autor do estudo.

Especificamente, os investigadores descobriram que os participantes do grupo de tratamento intensivo apresentaram uma taxa mais baixa de défice cognitivo ligeiro e uma taxa combinada mais baixa de défice cognitivo ligeiro ou de provável demência.

Em 2015, os resultados publicados do estudo histórico SPRINT mostraram que o tratamento intensivo da pressão arterial reduziu as doenças cardiovasculares e diminuiu o risco de morte em 30-40 por cento em pessoas com hipertensão.

O ‘SPRINT’ foi interrompido precocemente devido ao sucesso do estudo na redução das doenças cardiovasculares.

Como resultado, os participantes foram submetidos a um tratamento intensivo para redução da pressão arterial durante um período mais curto do que o originalmente planeado.

Os autores concluíram que a duração mais curta dificultou a determinação precisa do papel do controlo intensivo da pressão arterial na demência.

Cinco anos depois, em 2019, os resultados iniciais do SPRINT MIND, liderado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Wake Forest, mostraram que existia um risco significativamente menor de desenvolver um défice cognitivo ligeiro até cinco anos após os 3,3 anos iniciais de controlo intensivo da pressão arterial.

Os últimos resultados do SPRINT MIND mostraram a mesma redução significativa nas taxas de declínio cognitivo observada anteriormente, mas durante um período mais longo de pelo menos sete anos.

“O nosso estudo demonstra que o controlo intensivo da pressão arterial é uma estratégia importante para prevenir o declínio cognitivo, uma das principais causas de perda de independência em adultos mais velhos”, destacou Jeff Williamson, professor de gerontologia e medicina geriátrica na Faculdade de Medicina da Universidade de Wake Forest.

NR/lusa/HN

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