Neuro-hormona ancestral abre portas a novos tratamentos para perda de peso

25 de Março 2025

 Uma neuro-hormona que controla o apetite nos humanos tem, na verdade, uma origem evolutiva antiga, que remonta a mais de 500 milhões de anos, e pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos para a perda de peso.

A molécula em questão, chamada bombesina, induz saciedade em humanos, outros vertebrados e também em estrelas-do-mar e os seus parentes marinhos, de acordo com um estudo liderado por biólogos da Queen Mary University (Reino Unido) publicado na PNAS e noticiado na segunda-feira pela agência Efe.

Este peptídeo foi isolado pela primeira vez a partir da pele de um sapo-de-barriga-de-fogo (Bombina bombina) em 1971, e investigações subsequentes mostraram que, quando injetado em mamíferos, reduz a quantidade ingerida em cada refeição e aumenta o tempo entre as refeições.

Isto levou os cientistas a acreditar que as neuro-hormonas semelhantes à bombesina, produzidas no cérebro e no intestino, fazem parte do sistema natural do organismo para controlar a ingestão de alimentos.

A equipa decidiu explorar a história evolutiva da bombesina analisando os genomas dos invertebrados e descobrindo genes que codificam neuro-hormonas semelhantes na estrela-do-mar-comum (Asterias rubens) e noutros equinodermes, como ouriços e pepinos-do-mar.

Os investigadores concentraram a sua atenção na função desta bombesina de estrela-do-mar, chamada ArBN, sintetizando-a quimicamente e testando-a.

As estrelas-do-mar estendem os estômagos para além da boca para digerir presas como mexilhões e ostras, mas quando o ArBN foi injetado em espécimes com estômagos evertidos, o estômago retraiu-se em direção à boca e o início da alimentação foi atrasado.

A descoberta do papel antigo da bombesina na regulação do apetite lança luz sobre as origens evolutivas do comportamento alimentar nos animais.

“Podemos deduzir que esta função remonta a 500 milhões de anos, ao antepassado comum das estrelas-do-mar, dos humanos e de outros vertebrados”, segundo Maurice Elphick, da Queen Mary University e um dos autores do artigo.

Esta descoberta pode ter aplicações práticas no âmbito das alterações climáticas, uma vez que, devido a ela, “algumas espécies de estrelas-do-mar estão a invadir águas mais frias, onde os moluscos são criados para consumo humano”.

Por isso, acrescentou que “descobrir moléculas que inibem a alimentação nas estrelas-do-mar pode ser útil para controlar estas invasões”.

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