Segundo o documento consultado pela Lusa, foram registados no primeiro trimestre deste ano 116.574 casos de cólera e 1.514 mortes em 25 países, sobretudo em África, sendo Angola o terceiro país da região africana com mais casos e o segundo com mais óbitos desde o início do ano.
Entre 1 de janeiro e 30 de março de 2025, foram notificados 66.689 casos de cólera em 16 países da região africana, com destaque para o Sudão do Sul (29.050), República Democrática do Congo (15.785) e Angola (9.785).
Durante o mesmo período, registaram-se 1.336 mortes em 14 países africanos, sendo os números mais elevados registados no Sudão do Sul (502), em Angola (383) e na República Democrática do Congo (297).
Dos 383 óbitos em Angola entre 1 de janeiro e 31 de março, 116 ocorreram na comunidade (fora dos hospitais), com uma taxa de letalidade de 3,9%, a mais elevada a nível mundial, estando a doença espalhada por 17 das 21 províncias angolanas, com o maior número de casos em Luanda (45%) Bengo (27%) e Icolo e Bengo (9%).
Só no mês passado, Angola notificou 4.036 novos casos de cólera e 179 mortes associadas, com uma taxa de letalidade de 4,4%, o que representa um aumento de 10% nos casos e um aumento de 23% nas mortes em comparação com fevereiro.
Em março de 2025, a região africana, com 16 países incluindo Angola e Moçambique, notificou 22.372 novos casos de cólera, sendo o número mais elevado registado no Sudão do Sul (7.709), seguindo-se República Democrática do Congo (5679) e em Angola (4.036).
Além de Angola, com 179 mortes, também o Sudão do Sul observou um número elevado de óbitos (174), bem como a República Democrática do Congo (97).
Em abril, o país africano notificou mais 5.509 casos e 147 mortes, totalizando à data de hoje 15.294 casos e 530 mortes.
Desde o último relatório, foram notificados novos surtos de cólera no Quénia e na Namíbia, mas a OMS admite que os dados globais sobre a cólera continuam incompletos devido à subnotificação e atrasos na notificação, aliados a fenómenos meteorológicos extremos e conflitos em alguns países pelo que os números podem estar subestimados.
De 1 de janeiro a 30 de março de 2025, foram também notificados 48.619 casos de cólera em cinco países da região do Mediterrâneo Oriental, a segunda mais afetada pela doença. O maior número de casos ocorreu no Afeganistão (21 533), no Iémen (11 507) e no Sudão (7894). Durante o mesmo período, ocorreram 178 mortes em quatro países: Sudão (160), Iémen (9), Afeganistão (8) e Somália (1).
Nos cinco países da região do Sudeste Asiático foram notificados de 1 de janeiro a 30 de março de 2025, um total de 1.266 casos de cólera, com destaque para Myanmar (1.096), Nepal (85) e Bangladesh (80), não tendo sido registadas mortes.
Segundo a OMS, os conflitos, deslocações em massa, catástrofes naturais e alterações climáticas intensificaram os surtos, sobretudo nas zonas rurais ou afetadas por cheias, onde as infraestruturas deficientes e o acesso limitado aos cuidados de saúde atrasam o tratamento, tornando os surtos de cólera cada vez mais difíceis de controlar.
As reservas mundiais de vacinas orais atingiram uma média de 5,2 milhões de doses em março, insuficientes para responder à procura, destaca a agência das Nações Unidas.
Devido à disponibilidade limitada de vacinas, apenas foram aprovadas e implementadas campanhas de vacinação de dose única, destaca a OMS, assinalando que a procura crescente de vacinas continua a exceder a oferta, limitando gravemente as campanhas de vacinação preventiva.
“A expansão urgente da produção de vacinas continua a ser fundamental”, alerta a organização.
Desde o início de 2025, 13 países (Angola, Bangladesh, Etiópia, Gana, Haiti, Malawi, Moçambique, Myanmar, Níger, Nigéria, Sudão do Sul, Sudão e Zâmbia) realizaram 24 campanhas de vacinação, visando 13 milhões de pessoas.
A OMS destaca ainda os desafios que dificultam a resposta à propagação da doença a nível mundial como, a natureza altamente infecciosa da cólera, agravada por catástrofes provocadas por riscos naturais e efeitos climáticos, infraestruturas de abastecimento de agua, saneamento e higiene deficientes, insuficiência de vacinas, barreiras à prestação de cuidados de saúde, risco acrescido de transmissão transfronteiriça, alimentado por fronteiras porosas, vigilância inadequada e pouca sensibilização da comunidade, etc.
NR/HN/Lusa
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