Investigadores da Universidade de Harvard identificaram 22 compostos potentes que inibem o desenvolvimento do parasita Plasmodium falciparum nos mosquitos que o transmitem, de acordo com o estudo publicado na revista Nature.
Estes antimaláricos, que poderiam ser produzidos a baixo custo, seriam utilizados para impregnar os mosquiteiros, segundo os cientistas.
Mais de meio milhão de pessoas morrem todos os anos de malária. Embora os mosquiteiros tratados com inseticida tenham reduzido significativamente os casos de malária, a sua eficácia contínua é comprometida pela resistência generalizada aos inseticidas.
Investigações anteriores sugerem que a utilização de medicamentos antimaláricos contra o parasita Plasmodium falciparum no mosquito pode ser uma forma eficaz de atenuar este problema.
Para aprofundar esta abordagem, Alexandra Probst, da Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan, e a sua equipa começaram por determinar as partes essenciais dos genes do parasita que deveriam ser alvo de medicamentos antimaláricos.
Os investigadores testaram 81 compostos antiparasitários aplicando-os diretamente nos mosquitos Anopheles gambiae (principais vetores da doença) para identificar quais deles matavam os parasitas Plasmodium falciparum, que causam mais de 90% dos casos de malária humana em todo o mundo e acabaram por selecionar os 22 mais eficazes.
Os compostos eram facilmente escaláveis e de síntese pouco dispendiosa.
Todos os 22 impediram significativamente o desenvolvimento do P. falciparum e dois deles eram extremamente activos.
O mais eficaz matou 100% dos parasitas nos mosquitos em seis minutos de contacto com um material semelhante a uma rede mosquiteira impregnada com o composto.
Este resultado manteve-se quando testado em mosquitos resistentes a inseticidas. O efeito dos compostos nas redes também durou um ano, demonstrando a sua funcionalidade e potência a longo prazo.
“Esta nova estratégia de controlo da malária bloqueia a transmissão do parasita pelo mosquito sem matar o mosquito nem induzir resistência, o que pode prolongar o tempo de vida efetivo das redes”, afirma Alexandra Probst em comunicado.
lusa/HN
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