Agressão a ator de A Barraca por grupo de extrema-direita em Lisboa leva a cancelamento de peça

11 de Junho 2025

Um ator da companhia de teatro A Barraca foi agredido hoje por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para um espetáculo com entrada livre de homenagem a Camões, disse a diretora da companhia, Maria do Céu Guerra.

Em declarações à Lusa, a também atriz Maria do Céu Guerra contou que foi por volta das 20:00, estavam os atores a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos, quando se cruzaram à porta “com um grupo de neonazis com cartazes, programas”, com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.

“Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara”, afirmou a também encenadora, de 82 anos, que disse que o ator em causa teve de receber tratamento hospitalar.

Maria do Céu Guerra contou à Lusa que o espetáculo “Amor é um fogo que arde sem se ver” teria a última récita, de um conjunto de seis, às 21:00, com entrada livre, e tinha sala cheia, mas acabou por não acontecer.

O público só abandonou o espaço já para lá das 22:00, disse a atriz, que realçou que o sucedido só não foi pior por ter aparecido a Polícia de Segurança Pública (PSP).

Maria do Céu Guerra lembrou que se assinalam hoje os 30 anos do ataque por neonazis que matou Alcindo Monteiro: “30 anos depois, este país ainda não arranjou forma de se defender dos nazis”.

“É terrível. E tenho aqui o elenco, 14 atores, todos temendo pela sua saída do teatro. E que querem falar, dar a sua opinião, querem dizer o que sentem em relação a isto e à proteção que lhes é merecida”, afirmou a atriz, que sublinhou o quão vulneráveis se sentem.

Nas palavras de Maria do Céu Guerra, A Barraca é um símbolo de paz, mas para outros não sabe o que será.

lusa/HN

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