MNE português desaconselha todas as viagens para a Etiópia

7 de Novembro 2021

O Ministério dos Negócios Estrangeiros desaconselha todas e quaisquer viagens para a Etiópia face à degradação progressiva das condições de segurança no país com a intensificação dos combates entre as forças do Governo e os rebeldes Tigray.

A guerra entre os rebeldes da região etíope do Tigray e o executivo central da Etiópia começou há um ano, em 04 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope ordenou uma ofensiva contra a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF) como retaliação por um ataque a uma base militar federal e na sequência de uma escalada de tensões políticas.

Os rebeldes de Tigray anunciaram, no início desta semana, que tinham tomado o controlo das cidades de Dessie e Kombolcha na região de Amhara, a apenas 400 quilómetros da capital da Etiópia, Adis Abeba, ao que governo etíope respondeu com a declaração de estado de emergência em todo o país, numa fase inicial por seis meses.

Este último avanço da TPLF coloca-a no mesmo território onde operam os rebeldes do Exército de Libertação Oromo (OLA), com os quais anunciaram uma aliança no final de agosto.

No sábado, os Estados Unidos ordenaram a retirada da equipa não essencial da sua embaixada na Etiópia, após a intensificação dos combates, e nos últimos dias, vários países (Arábia Saudita, Noruega, Suécia, Dinamarca) pediram aos seus nacionais que deixassem o país, face à escalada da guerra.

A Embaixada de Portugal em Adis Abeba acompanha, atualmente, a presença de 26 cidadãos portugueses na Etiópia e até ao momento, garante, não foi recebido nenhum pedido de ajuda por parte de cidadãos nacionais.

Os cidadãos nacionais residentes naquele país devem manter contacto com a Embaixada (embportaddis@gmail.com). O Gabinete de Emergência Consular (gec@mne.pt ou +351 217 929 714 | +351 961 706 472) acompanha igualmente a situação.

Na sexta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros atualizou os conselhos aos viajantes relativos à Etiópia, desaconselhando todas as viagens para aquele país.

No Portal das Comunidades é referido que, em 02 de novembro, foi decretado Estado de Emergência em todo o país e que os encontros públicos e manifestações foram proibidos, podendo ser imposto o recolher obrigatório e bloqueios de estradas sem qualquer aviso.

O ministério refere que os viajantes devem estar atentos às notícias locais e redes sociais e estar sempre munidos de cópia do documento de identificação, evitar ajuntamentos e cumprir as instruções das autoridades.

“O conflito militar no norte da Etiópia, que teve início na região Tigray há um ano, alargou-se aos estados regionais Amhara e Afar. O conflito tem potencial para escalar rapidamente e sem sobreaviso”, lê-se.

Na nota é ainda referido um aumento do nível de criminalidade contra expatriados e nacionais em Adis Abeba, sobretudo roubos com violência, em particular nas zonas de Bole, (incluindo perto dos hotéis Atlas e Ramada) nos bairros Piazza, Merkato, Meshualekya e Menaharya, em Meskel Square, arredores do novo estádio e nas colinas montanhosas do norte da cidade, sobretudo Yeka Hills.

“Aconselha-se extrema precaução nas deslocações nessas áreas, devendo circular com companhia e evitando deslocações noturnas”, adianta o ministério.

Por outro lado, é recomendada extrema prudência em todas as deslocações no país devido à possibilidade de distúrbios e confrontos e aos cortes frequentes de internet e outras formas de comunicação.

É ainda recordada a necessidade de atualização dos contactos e detalhes sobre a estadia na Etiópia dos cidadãos nacionais que aí se desloquem, nomeadamente através do endereço de mail do Gabinete de Emergência Consular (gec@mne.pt) e da Embaixada em Adis Abeba (embportaddis@gmail.com).

Após um ano de conflito, milhares de pessoas foram mortas, cerca de dois milhões estão deslocadas internamente em Tigray e pelo menos 75.000 etíopes fugiram para o vizinho Sudão, de acordo com números oficiais.

Além disso, quase sete milhões de pessoas enfrentam uma “crise de fome” no norte da Etiópia devido à guerra, de acordo com o Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas.

LUSA/HN

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