Mesas de voto com proteção reforçada e sentimento de segurança marcam voto na Estrela

30 de Janeiro 2022

Os membros das mesas de voto na Junta de Freguesia da Estrela, em Lisboa, receberam hoje os eleitores equipados a rigor com batas, máscaras, luvas e até viseiras para evitar o contágio da covid-19 na votação das eleições legislativas.

No exterior do Complexo Desportivo da Lapa, corredores e assistentes ajudavam a orientar os cidadãos que procuravam exercer o direito de voto. No interior, o amplo espaço disponível evitava grandes concentrações de pessoas, que se distribuíam por quase uma dezena de mesas de voto, encontrando ainda álcool gel para desinfeção e corredores definidos para evitar cruzamentos entre quem entrava e quem saía.

“Não só criámos as condições que a Direção-Geral da Saúde referiu, como fomos mais longe para quem sentisse necessidade. Disponibilizámos batas de proteção, luvas e, além das máscaras, as viseiras de proteção. A expectativa é evitar que venhamos a ter depois situações de pessoas que estavam nas mesas com registos de casos positivos por causa de eventuais contágios”, afirmou à Lusa o presidente da junta, Luís Newton.

Enfatizando o aumento de eleitores este ano em voto antecipado na freguesia da Estrela, o autarca sublinhou que foram antecipadas “todas as medidas que fossem possíveis implementar” e que os membros das mesas foram informados previamente numa reunião sobre as condições disponíveis, sendo que apenas as viseiras registaram fraca adesão.

“Usaram [os equipamentos] com exceção das viseiras. Sentiram enorme dificuldade com a utilização das viseiras, não é hábito e, portanto, dispensaram a sua utilização, admitindo, eventualmente, que no horário mais tarde possam, por uma questão de precaução adicional, utilizá-las”, referiu, em alusão ao horário das 18:00 às 19:00 recomendado para a votação dos eleitores que estão infetados ou em isolamento devido à covid-19.

De acordo com Luís Newton, foram ainda realizados testes aos elementos das secções de voto e registaram-se “muitas desistências e necessidades de substituição” nos últimos dias, mas assegurou que o sufrágio vai decorrer sem quebras: “Sempre que é necessário fazer algum tipo de substituição, estão os membros da junta de freguesia – e eu próprio – disponíveis para assegurar que nenhuma mesa encerra”.

Já com quase 10 participações em anteriores atos eleitorais, Vera Cardoso surgiu na votação de hoje como presidente da quarta mesa neste local de voto, destacando que “aqui sempre houve bastante cuidado em proteger as pessoas” e rejeitando um clima de receio entre o eleitorado perante um possível foco de contágio na votação.

“Nas presidenciais [de 2021] as pessoas estavam com muito medo, medo até de entregar o cartão de cidadão. Agora, não. As pessoas têm os desinfetantes e agem muito mais naturalmente. Não vejo muito receio da parte dos eleitores”, frisou, acrescentando: “As condições de segurança estão asseguradas para nós e para os eleitores. Vir votar é seguro”.

Com máscara e bata de proteção, Vera Cardoso assumiu que as luvas e a viseira se revelavam um obstáculo para a realização do trabalho: “As luvas não dão muito jeito, porque estamos a manusear o papel, e há uma coisa que não resulta muito, que são as viseiras, porque não se ouve e não se consegue comunicar com os escrutinadores. Ficou muito complicado. Pôs-se a viseira às 08:00 e tirou-se às 08:10, porque não era possível sequer ouvir os nomes”.

A trabalhar na terceira mesa de voto, José Nogueira partilhou também deste sentimento de segurança, não só por já ter tido covid-19 no início de 2022, mas também pelas condições que foram colocadas ao dispor dos elementos das assembleias de voto.

“Tivemos uma reunião via Teams em que nos foi explicado como isto ia acontecer, o que teríamos em cima da mesa, os equipamentos, o que recomendavam que nós usássemos… Recomendaram que usássemos as viseiras e há muita gente que as tem, outras pessoas optaram por não as usar, mas depende de cada um e de como se sente mais seguro. Temos álcool gel sempre em cima da mesa e as pessoas, depois de receberem o cartão de cidadão, desinfetam e têm esse cuidado. E nós próprios também nos desinfetamos”, observou.

Quando caminhava lentamente na direção de saída do complexo desportivo, já depois de votar, José Pinto contou à Lusa ter-se sentido “inteiramente em segurança” e só lamentou que não tivesse sido encontrada outra solução para as pessoas que estão doentes ou isoladas por causa da covid-19.

“Nunca ponderei deixar de votar desde que soube que podia vir votar, mesmo que estivesse infetado”, disse este eleitor, criticando a recomendação do horário entre as 18:00 e as 19:00 para essas pessoas: “É uma hora tardia. Poderiam ter arranjado outra solução: ou outra mesa, ou outro local ou outra hora. Estou a pensar num amigo meu que está infetado e tem 86 anos. Poderia ser mais cedo. A essa hora devia estar em casa”.

LUSA/HN

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