Administradores hospitalares defendem que Serviços de saúde precisam de “corpo profissional qualificado”

8 de Abril 2022

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço, defendeu hoje que os serviços de saúde em Portugal necessitam “mais do que nunca” de um “corpo profissional qualificado” de administradores hospitalares

“Antes que sejam outros a fazê-lo por nós, devemos ser nós a liderar”, afirmou Alexandre Lourenço (na imagem) na abertura da comemoração dos 40 anos da APAH.

Perante uma plateia em que estavam presentes, entre outros, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e os antigos ministros da Saúde Maria de Belém Roseira e António Correia de Campos, Alexandre Lourenço afirmou que “os desafios são tremendos”.

“Existe em todos nós a consciência de um caminho inacabado. As desigualdades sociais foram diminuídas, mas voltam a acentuar-se”, salientou, apontando vários problemas que estão a afetar o Serviço Nacional de Saúde.

Começou por falar dos profissionais de saúde, afirmando que estão a optar por “novas paragens e desertam as vagas” criadas para eles, enquanto “os serviços de urgência encerram episodicamente, a atividade eletiva e urgente é assegurada por prestadores externos e doentes internados para terem acesso a meios de diagnóstico são transportados para prestadores privados”.

Para poderem operar, os hospitais recorrem a instalações de terceiros, disse, acrescentando que “os colaboradores do SNS apostam na prestação privada, através ADSE”.

Para Alexandre Lourenço, “esta não pode ser a nova normalidade”, salientando que os administradores hospitalares “nunca foram um corpo condescendente, nem devem relativizar o momento atual”.

“A nossa associação e profissão tem hoje certamente uma notoriedade nunca antes vista. Pela primeira vez temos colegas nas mais relevantes funções públicas como a senhora ministra da Saúde”, apontou.

Mas, advertiu, “o sucesso atual e o sucesso desta profissão, serão efémeros” se não souberem evoluir.

“O nosso maior medo deve advir da nossa incapacidade de responder aos desafios que se nos colocam. É neste momento de história, ao completarmos quatro décadas do nosso movimento associativo, que os portugueses mais precisam de nós”, vincou.

Para Alexandre Lourenço, a descentralização e a autonomia de gestão, acompanhada da profissionalização da gestão de serviços de saúde, “não são uma opção, são a essência” para assegurar a melhoria dos serviços de saúde.

“É nesse caminho que acreditamos, encorajados pelo exemplo do passado que nos enobrece e obrigados pela necessidade da resposta à população portuguesa, aos profissionais de saúde às famílias e a cada cidadão”, declarou.

Dirigindo-se a Lacerda Sales, Alexandre Lourenço lembrou que há 40 anos que a carreira de administrador hospitalar não é revista.

Em reposta, no discurso que encerrou a cerimónia de abertura das comemorações, Lacerda Sales afirmou que o Governo se compromete a concluir a revisão das carreiras não revistas, onde se inclui a dos Administradores Hospitalares e dos Técnicos Superiores de Saúde, “com uma discussão alargada e transparente”.

Para isso, adiantou, estão programados para a próxima semana encontros entre a equipa ministerial da Saúde e as diferentes associações do setor, sindicatos e ordens profissionais.

“É tempo de olhar a história e de construir o futuro”, afirmou o governante, recordando as medidas previstas como “o reforço da autonomia na gestão hospitalar, nomeadamente em matéria de contratação de profissionais”, a revisão do modelo de financiamento dos hospitais, tendo em conta os cuidados prestados e a população de referência, a revisão das redes de referenciação hospitalar e do modelo de organização e funcionamento dos serviços de urgência.

NR/HN/LUSA

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