“Antes que sejam outros a fazê-lo por nós, devemos ser nós a liderar”, afirmou Alexandre Lourenço (na imagem) na abertura da comemoração dos 40 anos da APAH.
Perante uma plateia em que estavam presentes, entre outros, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e os antigos ministros da Saúde Maria de Belém Roseira e António Correia de Campos, Alexandre Lourenço afirmou que “os desafios são tremendos”.
“Existe em todos nós a consciência de um caminho inacabado. As desigualdades sociais foram diminuídas, mas voltam a acentuar-se”, salientou, apontando vários problemas que estão a afetar o Serviço Nacional de Saúde.
Começou por falar dos profissionais de saúde, afirmando que estão a optar por “novas paragens e desertam as vagas” criadas para eles, enquanto “os serviços de urgência encerram episodicamente, a atividade eletiva e urgente é assegurada por prestadores externos e doentes internados para terem acesso a meios de diagnóstico são transportados para prestadores privados”.
Para poderem operar, os hospitais recorrem a instalações de terceiros, disse, acrescentando que “os colaboradores do SNS apostam na prestação privada, através ADSE”.
Para Alexandre Lourenço, “esta não pode ser a nova normalidade”, salientando que os administradores hospitalares “nunca foram um corpo condescendente, nem devem relativizar o momento atual”.
“A nossa associação e profissão tem hoje certamente uma notoriedade nunca antes vista. Pela primeira vez temos colegas nas mais relevantes funções públicas como a senhora ministra da Saúde”, apontou.
Mas, advertiu, “o sucesso atual e o sucesso desta profissão, serão efémeros” se não souberem evoluir.
“O nosso maior medo deve advir da nossa incapacidade de responder aos desafios que se nos colocam. É neste momento de história, ao completarmos quatro décadas do nosso movimento associativo, que os portugueses mais precisam de nós”, vincou.
Para Alexandre Lourenço, a descentralização e a autonomia de gestão, acompanhada da profissionalização da gestão de serviços de saúde, “não são uma opção, são a essência” para assegurar a melhoria dos serviços de saúde.
“É nesse caminho que acreditamos, encorajados pelo exemplo do passado que nos enobrece e obrigados pela necessidade da resposta à população portuguesa, aos profissionais de saúde às famílias e a cada cidadão”, declarou.
Dirigindo-se a Lacerda Sales, Alexandre Lourenço lembrou que há 40 anos que a carreira de administrador hospitalar não é revista.
Em reposta, no discurso que encerrou a cerimónia de abertura das comemorações, Lacerda Sales afirmou que o Governo se compromete a concluir a revisão das carreiras não revistas, onde se inclui a dos Administradores Hospitalares e dos Técnicos Superiores de Saúde, “com uma discussão alargada e transparente”.
Para isso, adiantou, estão programados para a próxima semana encontros entre a equipa ministerial da Saúde e as diferentes associações do setor, sindicatos e ordens profissionais.
“É tempo de olhar a história e de construir o futuro”, afirmou o governante, recordando as medidas previstas como “o reforço da autonomia na gestão hospitalar, nomeadamente em matéria de contratação de profissionais”, a revisão do modelo de financiamento dos hospitais, tendo em conta os cuidados prestados e a população de referência, a revisão das redes de referenciação hospitalar e do modelo de organização e funcionamento dos serviços de urgência.
NR/HN/LUSA
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