Grécia tem mais infetados em agosto do que nos primeiros meses da pandemia

20 de Agosto 2020

A Grécia registou mais casos de Covid-19 desde o início de agosto do que no total dos dois primeiros meses da pandemia, situação que não se deve ao turismo e que preocupa cada vez mais as autoridades.

De acordo com os dados mais recentes, foram detetados 3.271 novos casos de coronavírus neste mês, número muito superior aos 1.307 casos registados em março, quando foi declarado o primeiro surto, e aos 1.277 em abril.

Até ao momento, o Governo do conservador Kyriakos Mitsotakis evitou impor um novo confinamento generalizado, mas tem alargado as zonas de aplicação de medidas restritivas.

O executivo decidiu aplicar, a partir de quarta-feira, nas zonas turísticas de Santorini e da península de Calcídica, as restrições aprovadas na semana passada para as ilhas de Poros, Paros e Antiparos.

Em todas estas regiões, todos os eventos públicos – como festas, feiras, procissões ou mercados, bem como reuniões de mais de nove pessoas – estão proibidos.

Nos restaurantes, só é permitido um máximo de quatro pessoas por mesa e o uso de máscara é obrigatório, não só em ambientes fechados, como acontece no resto do país, mas também ao ar livre.

Nessas regiões é ainda aplicado um regulamento que também está em vigor noutras zonas do país com grande concentração populacional, especialmente em Atenas e Salónica: o encerramento de bares e restaurantes entre a meia-noite e as 07:00.

A Grécia tem registado, quase todos os dias, mais de 200 novos casos de infeções pelo novo coronavírus que provoca a Covid-19.

Na quarta-feira, o número chegou aos 217, elevando o total para 7.684 pessoas infetadas, enquanto o número de mortos atinge os 235, com mais três mortes em 24 horas.

Também preocupante é o aumento de casos em lares de idosos – em março e abril quase não houve problemas – e entre funcionários dos hospitais.

Em Tessalónica, a segunda maior cidade do país, houve 13 mortes em apenas uma semana, das quais seis aconteceram num lar de idosos.

O hospital AHEPA, um dos hospitais de referência em Tessalónica para tratar o coronavírus, teve, na segunda-feira, de parar temporariamente de receber novos doentes com Covid-19, depois de registar 14 casos entre as equipas médicas e de enfermagem.

O aumento do número de casos deve-se principalmente ao descuido da própria população, nomeadamente dos mais jovens, e não tanto ao turismo, defendeu o vice-ministro da Proteção do Cidadão da Grécia, Nikos Jardalías.

Desde a reabertura das fronteiras, em 1 de julho, e até ao dia 16 de agosto, quase 2,6 milhões de pessoas entraram na Grécia e, entre os quase 320 mil testes realizados nas diferentes fronteiras, apenas 615 pessoas tiveram resultado positivo.

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 781.194 mortos e infetou mais de 22,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

LUSA/HN

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