Hoje, Morrison expressou “profundas desculpas” depois de num debate em que uma mãe de uma criança que sofre de autismo ter questionado o primeiro-ministro sobre ajudas estatais para as pessoas com a doença.
O chefe do executivo respondeu que ele e a mulher foram “abençoados”.
“Temos duas filhas que não tiveram de passar por isso”, disse Scott Morrison.
O primeiro-ministro participava num debate na cidade de Brisbane em que estava presente o líder da oposição, o trabalhista Anthony Albanese.
As declarações do chefe do Governo conservador provocaram de imediato uma série de críticas na imprensa e nas redes sociais por parte de políticos e de associações de pais.
“Acordei hoje de manhã e senti-me ‘abençoado’ por ser deficiente. Creio que os meus pais também foram (‘abençoados’). Sentir pena de nós e das nossas famílias não ajuda. Tratem-nos com igualdade e deem-nos opções de controlo para as nossas vidas”, escreveu na rede social Twitter, Dylan Alcott, que venceu o último galardão Australiano do Ano por lutar pelos direitos das pessoas com autismo.
A senadora do Partido Trabalhista Kathy Gallagher que tem uma filha que sofre de autismo disse que as declarações de Morrison são “verdadeiramente ofensivas e contraproducentes” tendo frisado “que cada filho é uma ‘benção'”.
O senador do Partido Verdes Jordon Steele-John disse através da rede social Twitter que “está farto” de que o governo “inferiorize as pessoas com deficiências”.
Grace Tame, vencedora do prémio Australiano do Ano em 2020, que sofre de autismo, e que se destacou pelas ações contra os abusos sexuais também criticou o chefe do Executivo.
“O autismo ‘abençoa’ aqueles que – como nós – temos a capacidade de detetar ‘à légua’ aqueles que são pessoas falsas”, disse Tame.
“Eu não quis ofender ninguém com o que disse ontem à noite (quarta-feira), mas aceito que tenha ofendido muita gente”, disse hoje Morrison à estação de televisão ABC numa altura em que tenta ser reeleito nas legislativas australianas de 21 de maio.
Anteriormente, Morrison foi duramente criticado pelas declarações sobre denúncias de violação sexual e de ter partido de férias para o Havai durante os graves incêndios florestais na Austrália em 2019.
As últimas sondagens da Newspoll, realizadas em 14 e 17 de abril, indicam que o Partido Trabalhista tem 53% das intenções de voto e que a coligação governamental liderada pelos conservadores consegue 47% dos votos.
Mesmo assim, os analistas não descartam um volte-face eleitoral tal como aconteceu em 2019 quando Morrison venceu contrariando os valores indicados pelas pesquisas.
LUSA/HN
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