Estudo defende metodologia universal para medir nível de mercúrio no peixe

19 de Setembro 2022

Um estudo liderado por um investigador da Universidade de Coimbra concluiu que falta uma metodologia universal para avaliar o nível de mercúrio presente no peixe e marisco que o organismo consegue digerir.

O estudo, publicado na revista “Marine Pollution Bulletin”, aponta para “a necessidade da criação de uma metodologia universal para estimar a bioacessibilidade do mercúrio (Hg), um metal pesado tóxico”, em espécies de peixe e marisco, afirmou hoje a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A bioacessibilidade “traduz-se no que o organismo humano pode absorver a partir dos alimentos” que ingere, sendo um instrumento relevante para determinar os valores máximos de contaminantes que podem ser consumidos ao longo da vida sem risco para a saúde.

“Em concentrações muito baixas, o mercúrio não representa perigo para a saúde humana, mas a sua acumulação a longo prazo pode ter efeitos prejudiciais”, realça.

Nesse sentido, o estudo, liderado pelo investigador do Centro de Ecologia Funcional Filipe Costa, procurou avaliar “a fração de mercúrio bioacessível em peixes e mariscos presentes na dieta mediterrânica”, designadamente espécies capturadas no oceano (peixe-espada-preto, atum, espadarte, tubarão azul), espécies de aquacultura (salmão e mexilhão) e estuarinas (tainha e amêijoas).

Os resultados do estudo indicam que o mercúrio bioacessível encontrado nestas espécies de peixe e marisco, “especialmente após a confeção, está muito abaixo dos níveis estabelecidos pela legislação atual de avaliação de risco de segurança”.

No entanto, a equipa, que conta também com investigadores da Universidade de Aveiro, notou “que a estimativa da bioacessibilidade do mercúrio no peixe e marisco depende do método aplicado, já que cada método de extração apresentou resultados diferentes”.

“Entre os três métodos de extração testados, o Método Unificado de Bioacessibilidade (UBM) forneceu a estimativa mais elevada de bioacessibilidade de Hg para os consumidores”, refere a nota de imprensa.

No que respeita aos métodos de confeção utilizados, “todos eles reduziram consideravelmente a fração de mercúrio bioacessível”, ou seja, observou-se uma “diminuição no teor deste contaminante”, afirmou Filipe Costa, citado na nota.

A FCTUC salienta que “a legislação de segurança alimentar atual apenas considera a concentração total de contaminantes em peixes e mariscos, não tendo em conta a bioacessibilidade contaminante durante o processo de digestão nem o efeito dos modos de confeção na solubilização digestiva do contaminante”.

LUSA/HN

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