Vacina da AstraZeneca não teve efeito grave no Brasil

10 de Setembro 2020

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) brasileira informou na quarta-feira que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca, cujos testes foram suspensos, não produziu "eventos adversos grave" em pacientes testados no país.

“No Brasil, não há relatos de eventos adversos graves em voluntários. A Anvisa já está em contacto com o laboratório da Astrazeneca para aceder a todas as informações”, afirmou o órgão regulador em comunicado.

A farmacêutica AstraZeneca anunciou na terça-feira a sua decisão de interromper temporariamente os ensaios clínicos do imunizante, desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford e testado em vários países, como Estados Unidos, Reino Unido, Brasil e África do Sul, devido a “uma doença potencialmente inexplicada” num dos pacientes.

O órgão regulador brasileiro disse ter sido informado da decisão do laboratório na noite de terça-feira e garantiu que desde então mantém uma “interlocução” com as demais autoridades farmacêuticas do mundo para verificar se o “efeito inesperado está relacionado com a vacina aplicada”.

A investigação para determinar se a reação no paciente foi causada pela fórmula desenvolvida pela AstraZeneca será conduzida por um comité de segurança independente, composto por investigadores internacionais “que não estão envolvidos no estudo”, que deverão “avaliar o caso e julgar o causalidade do evento adverso”.

“Esse tipo de procedimento está previsto no desenvolvimento de vacinas, uma vez que os ditos estudos têm justamente o objetivo de confirmar a segurança e eficácia das vacinas”, ressaltou a Anvisa.

A AstraZeneca havia iniciado os testes de fase III da sua potencial vacina contra o coronavírus no Brasil no final de junho e, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das responsáveis pelos testes no país sul-americano, o estudo “avança conforme o esperado” no país.

“No Brasil, o estudo envolve cinco mil voluntários e avança conforme o esperado. Muitos já receberam a segunda dose e até ao momento não houve registo de irregularidades graves de saúde”, afirmou na terça-feira a instituição em comunicado.

A Unifesp também enfatizou que a suspensão anunciada pela AstraZeneca “segue os padrões de segurança recomendados no protocolo de estudo da vacina de Oxford”.

“É uma prática comum em estudos clínicos envolvendo fármacos. O comité de monitorização de segurança do estudo analisa se o caso tem ou não relação com a vacina e, assim que a análise for concluída, a fase III deverá ser retomada”, acrescentou o texto.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (quase 4,2 milhões de casos e 128.539 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 900 mil mortos e infetou mais de 27,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

LUSA/HN

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