MDM pede ao Governo diálogo franco para resolver greve dos médicos em Moçambique

21 de Julho 2023

O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, oposição), Lutero Simango, apelou a um diálogo franco e aberto entre o Governo moçambicano e a classe médica, para resolver a greve destes profissionais, iniciada em 10 de julho.

“A nossa solidariedade com as reivindicações justas dos médicos, enfermeiros e técnicos de saúde. (…) O diálogo com o Governo deve ser franco, aberto e honesto”, afirmou, ao abrir a reunião ordinária do terceiro maior partido moçambicano na cidade da Beira.

Segundo aquele político, a greve que afeta o setor público de saúde em todo o país é uma realidade visível a milhares de moçambicanos: “Há greves no setor público, é uma realidade. Há greves silenciosas e as visíveis; apesar disso, serviços mínimos e básicos devem ser garantidos”, apelou o líder do MDM.

Com a paralisação de 21 dias, prorrogáveis, a classe contesta os cortes salariais com a aplicação da nova tabela e a falta de pagamento de horas extras.

“O Sistema Nacional de Saúde deve ser revisto e adaptar a nova realidade com existência de novos atores, no setor privado”, criticou ainda Lutero Simango.

“A nossa economia não está bem. Atrasos dos salários, custo de vida, serviços públicos em decadência: saúde, educação, transporte público”, criticou igualmente.

A Associação Médica de Moçambique (AMM) justificou anteriormente a decisão do regresso à greve, após a suspensão de uma outra convocada em dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos alcançados com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado.

A classe médica moçambicana tinha já anunciado o seu descontentamento em novembro do ano passado, quando adiaram uma primeira greve, após encontros com os ministros da Economia e da Saúde, para “dar tempo ao Governo” de “implementar os princípios acordados”.

A AMM aponta a “mudança constante de interlocutores por parte do Governo” e a falta de transparência sobre a “forma como os salários dos médicos estão a ser ou não processados” como alguns dos pontos que determinaram o fracasso das negociações até esta altura.

Entretanto, a implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.

LUSA/HN

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