“O Internato em Portugal é muitíssimo bom. Em termos de regulamentação, em termos das exigências que são colocadas para se atingir o grau de especialista, está bem especificado e bem regulado. Naturalmente que daí resulta que os nossos especialistas são altamente cobiçados, não só pelo setor privado, mas também pelo estrangeiro. Na União Europeia, qualquer médico português, se assim o entender, terá emprego imediatamente, dada a qualidade do Internato”, afirmou hoje o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
O número de vagas para o Internato “naturalmente que poderá necessitar de um pequeno ajuste. Mas não é a questão essencial. A questão essencial tem a ver com a questão global”: falta de investimento do Ministério da Saúde no Serviço Nacional de Saúde.
A luta dos internos, em greve desde quarta-feira, vai além da questão salarial, sendo que “estamos a falar de um valor líquido de cerca de 7 euros à hora que estes médicos recebem”. “São médicos que, estando em formação, muitas vezes substituem o trabalho dos especialistas. Há muitas situações em que eles estão praticamente sozinhos, sem qualquer tipo de apoio, dada a exiguidade de médicos especialistas no Serviço Nacional de Saúde”, e, por outro lado, apoiar os cursos obrigatórios é um dever da entidade patronal que não está a ser cumprido.
“Também enaltecemos o trabalho dos médicos que fazem a formação dos internos, já que esses orientadores não têm qualquer remuneração por isso”, acrescentou Roque da Cunha. “Ao mesmo tempo, a carga de trabalho que neste momento lhes é exigida (…) obriga a que a que muitas vezes a sua própria formação seja posta em causa”, concluiu.
O SIM voltou a frisar que as greves não são convocadas “de ânimo leve”. “É sempre algo que nós deixamos mesmo para a última das últimas situações de protesto, porque acaba por prejudicar o já débil acesso que os portugueses, particularmente os mais desfavorecidos, têm em relação aos cuidados de saúde”, explicou o secretário-geral.
Houve “grande adesão” no dia 23: 85 a 87%. “Hoje os dados que nós temos são no sentido de aumentar essa adesão”, adiantou o sindicato.
HN/RA
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