Médicos Internos: “Há muitas situações em que eles estão praticamente sozinhos”

24 de Agosto 2023

“Na União Europeia, qualquer médico português, se assim o entender, terá emprego imediatamente, dada a qualidade do Internato”, mas há muitas situações em os médicos internos “estão praticamente sozinhos”, disse Jorge Roque da Cunha ao HealthNews, no segundo dia da greve dos futuros especialistas.

“O Internato em Portugal é muitíssimo bom. Em termos de regulamentação, em termos das exigências que são colocadas para se atingir o grau de especialista, está bem especificado e bem regulado. Naturalmente que daí resulta que os nossos especialistas são altamente cobiçados, não só pelo setor privado, mas também pelo estrangeiro. Na União Europeia, qualquer médico português, se assim o entender, terá emprego imediatamente, dada a qualidade do Internato”, afirmou hoje o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

O número de vagas para o Internato “naturalmente que poderá necessitar de um pequeno ajuste. Mas não é a questão essencial. A questão essencial tem a ver com a questão global”: falta de investimento do Ministério da Saúde no Serviço Nacional de Saúde.

A luta dos internos, em greve desde quarta-feira, vai além da questão salarial, sendo que “estamos a falar de um valor líquido de cerca de 7 euros à hora que estes médicos recebem”. “São médicos que, estando em formação, muitas vezes substituem o trabalho dos especialistas. Há muitas situações em que eles estão praticamente sozinhos, sem qualquer tipo de apoio, dada a exiguidade de médicos especialistas no Serviço Nacional de Saúde”, e, por outro lado, apoiar os cursos obrigatórios é um dever da entidade patronal que não está a ser cumprido.

“Também enaltecemos o trabalho dos médicos que fazem a formação dos internos, já que esses orientadores não têm qualquer remuneração por isso”, acrescentou Roque da Cunha. “Ao mesmo tempo, a carga de trabalho que neste momento lhes é exigida (…) obriga a que a que muitas vezes a sua própria formação seja posta em causa”, concluiu.

O SIM voltou a frisar que as greves não são convocadas “de ânimo leve”. “É sempre algo que nós deixamos mesmo para a última das últimas situações de protesto, porque acaba por prejudicar o já débil acesso que os portugueses, particularmente os mais desfavorecidos, têm em relação aos cuidados de saúde”, explicou o secretário-geral.

Houve “grande adesão” no dia 23: 85 a 87%. “Hoje os dados que nós temos são no sentido de aumentar essa adesão”, adiantou o sindicato.

HN/RA

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