Segundo Francisco Miranda Rodrigues, os riscos associados ao uso destas aplicações – que ajudam por exemplo as pessoas a autogerirem a sua saúde mental através de técnicas de relaxamento e do registo de humores – “podem ser mitigados” com regulamentação.
“Até que ponto as aplicações são válidas, fazem o que dizem fazer, como protegem a privacidade das pessoas?”, questionou, em declarações à Lusa.
Francisco Miranda Rodrigues falava à Lusa no dia em que a Ordem dos Psicólogos Portugueses promove, no Porto, a conferência “O fator humano na transição digital”.
O bastonário espera que da iniciativa, organizada no Dia Nacional do Psicólogo, saia um compromisso do Governo e das empresas em como “vão ter em conta o fator humano na transição digital”, uma vez que a tecnologia de nada serve “se não for feita” de forma a que as pessoas a “consigam utilizar, compreender e sentir segurança na sua utilização”.
Por ocasião da conferência, a Ordem dos Psicólogos Portugueses lança um documento com “recomendações estratégicas” para o desenvolvimento e uso da tecnologia Inteligência Artificial (IA), tendo por base a salvaguarda de princípios como segurança, saúde e bem-estar das pessoas, ética da transparência, equidade, diversidade e inclusão, formação e promoção de literacia e privacidade.
A Ordem recomenda a regulamentação ‘q.b.’ do uso da IA de modo a “permitir a proteção dos consumidores” sem impedir o desenvolvimento tecnológico.
Por outro lado, de acordo com Francisco Miranda Rodrigues, será preciso “uma literacia mais desenvolvida” sobre IA, a começar na escola.
“A regulação, só, não chega, há um conjunto mínimo de informação que as pessoas têm de dominar mais”, sustentou.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses assinalou que a IA – que consiste na aplicação do conhecimento dos processos cognitivos humanos aos sistemas computacionais que reproduzem esses processos, permitindo criar conteúdos novos, como textos e imagens – deverá implicar “transformações no mercado de trabalho significativas”, levando a que as pessoas tenham de “fazer transições entre trabalhos que vão deixar de existir” e empregos novos.
“Este processo causa sofrimento, logo tem impacto no bem-estar das pessoas”, sublinhou, salientando que a transição obrigará a que as pessoas “tenham competências” que lhes permitam “fazer uma adaptação do ponto de vista emocional para a mudança”, saber lidar com as perdas e “agarrar as oportunidades”.
LUSA/HN
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